Ao povo do México
Às organizações fraternas
A nossos companheiros de luta
Na madrugada de 22 de novembro de 2016 às 2h30. Mais uma vez o governo presidido por Mancera [prefeito da Cidade do México] manda reprimir um movimento cultural e artístico. Mediante uma operação policial desmedida foi tomado por assalto o espaço cultural autônomo Chanti Ollin localizado na Av. Melchor Ocampo 424, esquina rio Elba, na colônia Cuauhtémoc, Cidade do México.
Aproximadamente 500 policiais da tropa de choque, policiais de investigação, câmeras, escadas, camionetes com refletores e um helicóptero, irromperam pela força e com luxo de violência ao imóvel, quebrando janelas e balcões do segundo piso. Cabe ressaltar que entraram sem mostrar uma ordem judicial expedida por um tribunal e não se notificou previamente ao despejo. Mais: invadiram os edifícios vizinhos para abrirem caminho. Em poucos minutos os elementos já estavam dentro do lugar fazendo revisão e invadindo o edifício.
Detiveram arbitrariamente e sem ordem de apreensão 26 companheiros que estavam presentes, entre eles uma menina de 3 anos de idade. Lesionaram a um companheiro e uma companheira. Nenhum dos companheiros detidos cometeram delito algum, eles só se organizavam para realizar nos próximos dias o evento denominado “Autogestival”, dentro deste espaço cultural.
O Chanti, tal como muitos prédios da Cidade do México, foi abandonado pelos seus ex arrendatários há muitos anos e o dono morreu, a empresa arrendadora quebrou e o prédio ficou infestado. Foi então que a partir do ano 2003 um grupo de jovens empreendeu a tarefa de dar vida cultural e comunitária ao dito imóvel. O imóvel foi ocupado com arte, cultura e ecologia. Abrindo o espaço como um ponto de encontro para os jovens, assim como também para os movimentos sociais. Nos 3 anos de existência do Chanti Ollin se deram centenas de cursos, encontros, apresentações musicais, funções teatrais, muitos jovens sem espaço para manifestar seu trabalho artístico e comunitário pôde s e apresentar no espaço cultural. Desde o Chanti se organizaram numerosas brigadas e caravanas de trabalho voluntário em comunidades indígenas e campesinas, assim como em numerosos bairros da zona metropolitana. Mas ao mesmo tempo tem sido objeto da perseguição e investigação política. O acosso policial tem se dado mediante difamações a cargo de jornalistas pré-pagos. Assim como várias tentativas violentas para desalojá-lo.
Atualmente, devido ao projeto de gentrificação da Cidade do México, impulsionado pelos funcionários entreguistas da administração do governo da cidade, que em contubérnio com empresários rapinas tentam vender, privatizar e elitizar os espaços públicos. Assistimos a um processo vende pátrias mediante o qual o centro da cidade já foi vendido e agora pretendem mediante o despojo, a repressão e a criminalização tornarem-se donos dos espaços comunitários que foi construído por muitas pessoas honestas e de maneira autogestiva.
O Chanti Ollin é uma referência de resistência a esse projeto voraz que tenta acabar com a economia popular e impor pela força seus corredores mercantilistas de pseudo modernização da cidade. Tentam acabar com o Chanti como projeto comunitário porque estorva aos poderosos para seguirem se enriquecendo vilmente. Cabe mencionar como exemplo o projeto do corredor “cultural” Chapultepec. Que ainda que a população o rechaça em consulta, Mancera tenta impor a todo custo, pois os compromissos que já fez com os empresários são demasiados onerosos para cancelá-los.
Exigimos a liberdade imediata e incondicional de todos os nossos companheiros e companheiras detidos arbitrariamente esta madrugada.
Somos contra o enriquecimento contínuo de empresários e funcionários que se aproveitam da necessidade da população, fazendo ao mesmo tempo da repressão política um negócio sujo.
Nos manifestamos em defesa da Mãe Terra, de nossa cultura e de nosso povo e contra este capitalismo selvagem que tenta fazer da vida uma mercadoria.
Assim como continuaremos defendendo nosso direito à livre organização e autodeterminação como comunidade independente, autônoma e originária da cidade.
Fazemos um chamado a que se manifestem, os que sentem em seus corações a injustiça que comete o mal governo, ao tentar fechar ou demolir este centro cultural autônomo e autogestivo.
Comunicamos a população consciente, as organizações e às comunidades a pronunciarem-se pela continuidade deste projeto cultural autônomo. O Chanti resistirá enquanto o povo o apoie.
Chamamos a comunidade cultural consciente e independente, a defender este espaço coletivo mediante a instalação de uma barricada cultural indefinida. Convidamos a músicos, pintores, o pessoal do teatro, dançantes e outros mais a solidarizar-se com seus trabalhos e a defender os espaços liberados.
Assim como a terra é de quem trabalha. Do mesmo modo uma casa é de quem a habita!
O Chanti Ollin é um bem comum inalienável, jamais será uma propriedade privada.
Vivam os espaços autônomos de trabalho autogestivo!
Fora Mancera do Chanti Ollin!
Tradução > KaliMar
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