Uma exposição mostra 81 fotos de camisetas com frases e desenhos contra a polícia
Você já deve ter visto ele muitas vezes com sua câmera ao ombro nas manifestações dos últimos anos nas ruas de Madrid. E mais, se você vestia uma camiseta chamativa, com alguma frase engenhosa ou com algum desenho sugestivo, é muito possível que ele tenha te fotografado. É Santi Ochoa e faz isso desde 2003. Em seu arquivo já soma mais de 20.000 imagens de camisetas¹.
De todas elas selecionou 81 para a exposição “A guerra das camisetas”, que se pode ver até o dia 19 de novembro no espaço ABM Confecções, na rua Encarnación González em Madrid. O critério para a escolha das camisetas era que tivessem frases ou desenhos contra a polícia.
A ideia de uma mostra sobre este assunto lhe ocorreu no ano passado – “para fazer a exposição justamente antes da aprovação da Lei Mordaça”, explica Ochoa a Diagonal -, mas foi somente agora que a levou a cabo, motivado pelos últimos acontecimentos. “Frente aos acontecimentos com a polícia invadindo uma loja de roupa com temas que incitavam, de acordo com eles, ao ódio ou menosprezo pelos agentes, senti na própria pele e me propus a dar uma resposta miníma a isso”, lembra. Refere-se ao abundante registro e confisco de material (camisetas, moletons, gorros) da loja Bestiario Shop em Vallecas por parte da polícia em princ&iacu te;pios de outubro.
Um episódio de excesso na atuação policial que se acrescenta ao mais conhecido, contra Belém Lobeto, a quem em maio abriram um processo punitivo, finalmente arquivado, por levar uma bolsa com as siglas ACAB (todos os policiais são bastardos), ou à multa em setembro ao cantor do grupo Rokavieja que disse “muita polícia pouca diversão” durante um show em Yecla (Murcia) enquanto vários agentes retiravam do meio do público a um assistente que levava bengalas (fogos de artifício).
Para Ochoa, o uso de camisetas com essas frases, muitas das quais são títulos de canções ou foram empregadas em capas de discos, “reflete uma aversão legítima sentida pela maioria da população contra a polícia e isso tem que ser documentado”.
Na sua opinião, a exposição não supõe tanto “um trabalho artístico, ainda que sejam fotos, mas sim de documentação. Alguns comentaram que é antropologia social”. As camisetas, explica, “são uma forma de expressão pessoal e de movimentos sociais, mais livre e autêntica que as utilizadas pela indústria cultural, refletem toda uma sociedade em uma época determinada”.
Tendo em conta os antecedentes, não é nada demais perguntar a ele se não teme algum tipo de represália pela exposição. Ochoa tem claro que: “Documentaria este tipo de camisetas, ainda que fosse delito, o que já é muito complicado entender, não é delito. Documentar delito, não é delito”.
[1] https://www.flickr.com/photos/fotosdecamisetas
Tradução > KaliMar
agência de notícias anarquistas-ana
não tenho país
nem casa nem riqueza
e como me sinto bem!
Rogério Martins
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…
Edmir, amente de Lula, acredita que por criticar o molusco automaticamente se apoia bolsonaro. Triste limitação...