Há homens e ofícios que passam à história com glória. E há ofícios e mulheres que ficam ocultas nos rincões subterrâneos dessa, suposta, mesma história.
Mulheres que lutaram por seus direitos, independência, por sua liberdade e pela de suas companheiras, filhas, netas, por suas irmãs e por todas nós. Escritoras, jornalistas, editoras, tecelãs, costureiras, cientistas, pensadoras, agitadoras, operárias. Livre pensadoras, anticlericais, feministas. Mulheres na vanguarda de uma luta própria e alheia que a história e os que a escrevem seguem empenhados em silenciar com obscuras intenções. E um desses ofícios e dessas mulheres foram as cigarreiras.
Sevilha, Madrid, Alicante, Bilbao ou Gijón foram algumas das cidades que viveram sua luta, sendo elas as que inauguraram o movimento operário feminino em um país que por ser mulheres e operárias lhes dava as costas.
A partir de 1828 começaram a organizar-se para lutar por melhorar suas terríveis condições laborais e aumentar seus irrisórios salários, organizando legendárias revoltas e motins entre 1830 e 1842. Criaram as primeiras Irmandades de Socorro Mútuo e conseguiram as primeiras creches, escolas e salas de lactância dentro de suas fábricas.
A autogestão era o seu; no lugar de trabalho todos os trabalhos recaíam sobre elas. Umas guisavam, outras varriam, em cada oficina havia várias leitoras de notícias e entre todas as companheiras abonavam o tempo de trabalho perdido (como conta Emilia Pardo Bazán em “La Tribuna”).
Desprezavam e se enfrentavam com os agentes de polícia com bravura, o mesmo que à Igreja e seus poderes. Rechaçavam o matrimônio e foram as primeiras em afiliar-se a clubes republicanos e livre pensadores de mulheres.
As cigarreiras, umas Rebeldes Periféricas do século XIX, como se intitula o magnífico livro de Ana Muiña (“La Linterna Sorda”, 2008) no qual conta a história de todas essas mulheres rebeldes, selvagens, valentes e revolucionárias, nossas antecessoras, que não podemos esquecer. Vivam as cigarreiras!
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Árvores da infância –
E depois a monotonia verde
Dos canaviais…
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!