A nós que tivemos a sorte de conhecê-la na luta, e compartilhar com ela boa parte da vida, a morte de Concha nos deixa tristes. Nos deixa sem seu humor, sem seu, por vezes, mal gênio e a sua risada fácil, franca e contagiosa; nos deixa sem a sua postura bonita e forte, caminhando pelo direito à vida… Isso e ainda mais perdemos, mas é mais importante o que ela nos deixa, e isso nos alegra e nos anima a seguir adiante.
Nos deixa um amor verdadeiro de amiga, de companheira, de mãe, de mulher livre e comprometida com a ação revolucionária que, junto a outras companheiras, forjou uma obra de importância vital para o ressurgimento do movimento libertário, retomando o exemplar e histórico caminho de “Mujeres Libres”.
Sua obra e sua ação cotidiana nas organizações anarquistas, deixou uma marca profunda de dignidade, coerência e entrega, reconhecida inclusive para além de ideologias, pátrias e fronteiras; e implica a sua contribuição particular ao triunfo do mundo novo que levamos em nossos corações, no sentido que escrevia A. Breton: “se você quer ser revolucionário, seja. Talvez possa colaborar com suas fracas forças na transformação do mundo, mas dá no mesmo, porque voc&ecir c; nunca vai saber”. Assim perseguiu seu sonho de um mundo novo e perseverou no desejo de que seu neto e filhos possam vivê-los. Te ajudaremos!
E são precisamente essas contribuições comuns à vida, os sonhos coletivos, as lutas populares, as que sobrevivem em nossa lembrança viva e permanecem no coração das pessoas. Não têm tempo, nem idade, nem final; estão sempre presentes e crescem com a luta dos marginalizados e oprimidos e em qualquer ação solidária que enterre a caridade na tumba da justiça. E a sua presença cresce na luta das mulheres por liberarem-se da condição de “mulher” que o poder do S enhor impõe e cresce na luta das mulheres, e de todos contra a violência desumana que chamam “de gênero”, mas que na verdade responde ao amor perverso que as instituições proclamam, ao amor prostituído pelo capital e convertido em mercadoria objeto de compra e venda, propriedade privada, pertencimento… “ou você é minha ou meu, ou de mais ninguém” – aí está a irracionalidade. E Concha terá presença animando a ação inquebrantável de “vovós e vovôs” para demonstrar que se deve formular bem o dito: “Quem quando jovem não é revolucionário é que não tem coração, e quem quando velho não continua sendo é que já não tem nem coração nem cabeça” – sobram razões. E sobretudo continua crescendo com teus queridos “peque nos e pequenas companheiras”, que desfrutando a anarquia de uma educação libertária, contigo e com outras companheiras, aprenderam a ser livres e viver em comum.
E conforta também esta despedida, tomada emprestada do poeta: “Às novas barricadas da vida / te chamo / que temos que falar de muitas coisas / e livrar muitas batalhas / e rirmos / companheira de alma, companheira”.
Até sempre, amiga!
PilaryPalas.
Fonte: http://fal.cnt.es/?q=node/36859
Tradução > KaliMar
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!