Olá pessoal,
Somente agora tive um pouco de tempo depois do turbilhão que passei na última semana. Eu e muitxs outrxs fomos espancadxs covardemente pelos fascistas da esquerda institucional partidária no fatídico 13/12, no ato contra a PEC. Ante tamanha barbárie, muito se falou em resolver o problema através do Estado: polícia neles! Com as imagens do ocorrido, poderíamos colocar na cadeia “mei mundo” de gente dos partidos da Frente Povo Sem Medo. Ir à polícia e depois para casa esperar os resultados. Fazer recuar os fascistas através do Estado. Eu mesmo considerei a possibilidade.
Nos reunimos todxs em assembléia coletiva para decidir juntxs. Umas 60 pessoas se apresentaram. Chegamos em consenso que o contrário é que é verdadeiro: não apelar ao Estado policial, mas a uma rede de solidariedade real e concreta. Assim coloca-se no centro da resolução de tal conflito não o Estado mas os indivíduos e sua capacidade de articular coletivamente a denúncia e de proteger uns aos outros. É uma aposta! Em tal momento difícil, tanto para o corpo como para a mente e o coração de todxs que viveram aqueles momento de barbárie, punição Estatal alguma poderia nos fortalecer.
Xs que acreditam na ideologia socialista, nos partidos e instituições são muitxs e ocupam muitos locais de poder e “cultura”: estão bem próximxs dos de cima. Desses, muitxs estão próximxs a mim e axs linchadxs e certamente viveram um conflito: preservar a imagem dos partidos e da ideologia ficando em silêncio ante tal ato ou se colocar em favor da vida, contra o fascismo (seja o de esquerda ou de direita).
Observei de forma muito atenta o posicionamento de todxs, principalmente eu sendo a vítima quase fatal de tal ato fascista. Dada a decisão coletiva, somente o apoio e posicionamento do máximo de pessoas poderia nos fortalecer e fazer recuar a sanha fascista que se anunciava. O silêncio de muitxs, pessoas queridas e que certamente observaram tudo e lêem essa mensagem, foi ensurdecedor. Em um primeiro momento me senti realmente fraco, desgostoso, decepcionado e em choque por ver tamanha insensibilidade. Desistir da luta, ficar em casa, a sensação de impotência era grande.
Todavia a rede de solidariedade e união se fortaleceu. Muitos saíram de seu conforto, da proteção narcísica, e se posicionaram publicamente, seja compartilhando as denúncias individuais, seja compartilhando os vídeos de denúncia coletiva. Algumas pessoas (poucas e valiosas), apesar da ideologia, se posicionaram de maneira veemente ao meu/nosso lado. Pessoas que não são próximas e se posicionaram, e que agora secretamente admiro. Muitas novas pessoas se aproximaram em solidariedade apesar de toda a exposição e dificuldade: novos laços se formaram.
Muitxs companheirxs libertárixs foram firmes e estiveram solidários e presentes. Muitas pessoas próximas se mostraram de valor inestimável. Toda a família Fonsêca e Serra Azul fortaleceu essa corrente, estando presente no ato em solidariedade, se posicionando e fazendo uma nota pública coletiva assinada pelas duas famílias. Particularmente gostaria de agradecer à minha família mais próxima: minha mãe e irmãos e cunhados, à minha companheira Mari, e o pai dela, Rômulo.
Esse momento foi certamente um divisor de águas na minha vida. Apesar de ainda abaladxs, apesar de a esquerda institucional ter se posicionado legitimando tal ocorrido e do silêncio de muitxs, acho todxs compartilhamos de um sentimento: nos sentimos todxs abraçadxs e protegidxs. Saímos do que ocorreu bastante fortalecidxs, e não foi graças ao Estado. Acredito que a escolha foi acertada.
Gostaria de deixar aqui meu mais profundo agradecimento e admiração axs que se posicionaram ao nosso lado da barricada. Me coloquei no meio de uma dezena de espancadores para ajudar um amigo, o que levou deixou hospitalizado, e assim me colocarei com todxs daqui em diante.
Abraços!
Geová Alencar
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tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
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