Conselho Federal da FORA-AIT
15 anos se passaram desde a revolta popular que quebrou o sistema político-econômico do país daquele momento, depois de anos de repressão, ajustes e submissão para manter a festa das empresas e dos ricos se havia chegado a um ponto sem retorno, um ponto de inflexão que chegaria até hoje, ainda que não nos demos conta.
Os partidos políticos tradicionais eram parte do saqueio da região Argentina e tratavam de manter a ordem social imperante. Correndo os anos 90, os problemas que o neoliberalismo gerava e as receitas econômicas aplicadas pelo governo com amplo consenso político se começavam a sentir cada vez mais, ao passo que o tecido social se desgarrava ao aumentar dia após dia o desemprego, o fechamento de fábricas, as pessoas que ficavam nas ruas, perdendo seus trabalhos e casas graças a uma modernização do país que era apregoada somente por aqueles que dela iam se beneficiar: os empresários. Para paliar a situação (reduzir a conflitua lidade social), partidos como o PJ lançavam nos bairros pobres bolsões de comida, com seus chefes políticos a frente, aproveitando-se das necessidades, da fome e da falta de oportunidades para sair adiante e sobreviver, colocando também as pessoas uma contra as outras e fomentando a competição entre os pobres para se beneficiar.
Assim, os trabalhadores ocupados e desocupados foram se organizando paulatinamente e resistindo como podiam, claros exemplos são a capa branca dos docentes, os movimentos piqueteiros nascidos em Cutral Có e que se estenderam por toda região. A resistência com o passar do tempo foi tomando outra dimensão, com o começo das fábricas recuperadas e a organização dos bairros sem líderes de partidos rompeu com o esquema de passividade no qual nos víamos acostumados ante a falta de resposta e possibilidade de seguir adiante nas condições em que se estava, quando os próprios vizinhos passaram a resolver os seus problemas no bairro, com trabalhadores que viram a fábrica vazia e fechada e resolveram impedir o patrão de lhes levar a fonte de seu trabalho, tomando-as para resguardar as máquinas e logo colocá-las para produzir, gerando também uma quebra na representação sindical. Sindicatos cúmplices com essa política de renovação tecnológica abandonaram os trabalhadores afetados a sua própria sorte. Já não tinham nada que dizer ou fazer, pois eles eram também culpados pela situação com sua traição.
E agora retornemos à atualidade: quanto mudou os sindicatos? Acaso aprenderam alguma lição? Realmente lhes importa que não se repita essa situação? O governo de Macri, como bem sabemos, aprofunda o ajuste e a repressão com as ferramentas do governo anterior, aumentando a mão de obra desocupada para reduzir custos e a conflitualidade laboral em ascensão, abrindo importações para que empresas multinacionais tragam de fora o pouco que se produz aqui, disparando a inflação para reduzir salários. Contra isso, os sindicalistas no parlamento pedindo por favor para que se revejam as medidas, parece uma piada que um sindicato peça por favor a um governo que não façam o que estão fazendo. Mas deixa de ser uma piada para ser uma reprodução de 2001, quando vemos que seu silêncio é comprado mediante concessões econômicas com os fundos das obras sociais. Chove-lhes dinheiro enquanto estão sentados em uma poltrona, enquanto as empresas despedem, ajustam e suspendem. Parece que a única coisa que podem fazer é cara de preocupados e dizer que o momento há de passar.
Em uma situação que recorda 2001, temos que passar à ação, deixar de sermos conduzidos por sanguessugas, tomar realmente a iniciativa como trabalhadores e quebrar o pacto sindical com os empresários e o governo. Aos que o viveram, 2001 nos tem que recordar aonde não temos que chegar, temos que romper com os partidos políticos, de qualquer bandeira, que sempre são oportunistas ante a desgraça do povo, e retomarmos a assembleia como lugar de decisão e a ação direita como meio de conseguir o que queremos. Isso é o que devemos manter de 2001, a recordação e aprendizagem de que é nocivo para o povo em geral a delegação da força que o povo tem, e que essa força nos sirva para enfrentar agora o que se vem ocorrendo há vários anos: demissões, suspensões e repressão – e que promete acentuar-se ainda mais.
Basta de paz social! Nos organizemos para a greve geral!
FEDERAÇÃO OBREIRA REGIONAL ARGENTINA
Secretaria: Coronel Salvadores N° 1200 – C.P. 1167 Buenos Aires
Telefone: 011-4-303-5963 – Correio eletrônico: foracf@fora-ait.com.ar
Tradução > Liberto
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