Em 13 de abril de 2015 uma bandeira negra se elevou a uma latitude de 90º no Polo Norte; em 14 de dezembro do mesmo ano, uma bandeira idêntica foi colocada no Polo Sul. Ambas bandeiras monocromáticas, símbolo universal do movimento anarquista, representavam aos povos do mundo como um símbolo de desafio contra a obrigação dos Estados nacionais de apoderar-se da terra. As bandeiras negras permanecem nos locais como um potente símbolo da liberação, a resistência e o descontentamento.
Historicamente, os polos Norte e Sul e as áreas circundantes foram objeto de inumeráveis expedições. Estas expedições foram tentativas de colonização, de conquistas da terra, que outorgam a glória às nações participantes. Ao longo dos séculos, numerosos países reclamaram estes territórios.
Bandeiras Negras, de Santiago Sierra, critica este desejo de conquista em contextos históricos e contemporâneos, o caráter efêmero do Estado-nação e a separação das pessoas pelas fronteiras. Sierra já havia abordado o tema das nações, como em seu projeto para o Pavilhão Espanhol da Bienal de Veneza em 2003, no qual o pessoal de segurança permitia a entrada só aos visitantes com passaporte espanhol.
As obras de Santiago Sierra a miúdo abordam temas relacionados com as condições sociais e políticas da sociedade moderna. Recebeu grande reconhecimento internacional por uma série de exposições controvertidas nas quais contratou desempregados, prostitutas, presos políticos e imigrantes. Naquela ocasião, um total de 30 pessoas, contratadas com o salário mínimo, preenchiam a mão uma e outra vez a frase “O trabalho é a Ditadura”. Era uma forte crítica à exploração pessoal e econômica dos mais vulneráveis na sociedade capitalista.
Santiago Sierra nascido em 1966 em Madrid, é um dos artistas mais conhecidos da cena artística internacional. Mostrou sua obra em museus e instituições como o MoMA PS1, Nova York; Museu de Arte de Reykjavik; ARTIUM, Vitoria-Gasteiz; Museu MADRE, Nápoles; 50° Bienal de Veneza e Tate Modern de Londres. Recentemente realizou o projeto itinerante “No, Global Tour”, que percorreu todo o mundo, desde Itália ao Japão, Europa e América.
Tradução > Sol de Abril
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