O preso anarquista e editor do jornal Meydan, Umut Firat Suvariogullari, está encarcerado há 23 anos nas prisões turcas e em greve de fome na prisão de tipo T em Yenisakran Izmir desde 13 de dezembro de 2016, denunciando o regime de emergência declarado pelo Estado turco, e as condições de detenção desumanas impostas por este Estado aos presos políticos. É um cárcere dentro do cárcere, no qual as visitas estão proibidas, os presos não tem nenhum direito e se submetem a constantes torturas.
Em 23 de dezembro de 2016 o tribunal de Constantinopla condenou Hüseyin Civan, editor do jornal anarquista Meydan, a um ano e três meses de cárcere por ter feito “propaganda a favor do terrorismo”. O chefe dos fiscais havia ordenado uma investigação contra o jornal em dezembro de 2015, com o pretexto de uns artigos que haviam sido publicados no volume 30, cuja temática era “Proibindo tudo”.
A prisão de Hüseyin Civan e a imposição de umas condições de detenção desumanas aos presos, estão integradas na campanha repressiva do Estado turco, que nos últimos anos se manifesta por meio de operações militares (de guerra) nos territórios kurdos, com perseguições massivas e ataques contra os movimentos de resistência e organizações revolucionárias. Na atualidade esta campanha foi intensificada, sobretudo depois do golpe de estado frustrado de julho de 2016 e a extensão (generalização) do estado de emergência.
O regime de Erdogan, que acusa seus adversários políticos de tentar derrubá-lo, por um lado utiliza a tentativa de golpe de estado para acabar com seus rivais em todos os aparatos de Estado (exército, sistema judiciário, setor público), e, por outro lado, impõem uma guerra de caráter totalitário ao inimigo interno, a fim de acabar com as resistências de classe e social. Ao mesmo tempo desencadeia o ataque de seus seguidores e dos lobos cinzentos contra bairros e locais dos lutadores e das organizações de esquerdas e anarquistas.
Neste contexto, os anarquistas, comunistas, sindicalistas, professores, jornalistas, artistas e todos aqueles que de alguma forma desafiam ao regime todo-poderoso, são processados, perseguidos, torturados e presos. No mesmo contexto, são violados direitos fundamentais, são proibidas concentrações e manifestações, é suspenso o funcionamento de emissoras de rádio e de canais de televisão, são censuradas páginas web e acesso à Internet, partidos políticos e organizações são chamados de grupos terroristas, são feitas invasões em casas de lutadores e ataques contra espaços políticos e sociais.
A forma da agressividade do Estado turco pode ser esquematizada com base na localização do país na arena dos antagonismos e das alianças geopolíticas, assim como na diacrônica orientação do terrorismo de Estado e paraestatal para os movimentos competitivos e revolucionários em seu interior.
A rede férrea de controle e repressão que está se espalhando em todos os campos da vida social no interior do país, se completa com a política deste país na área do Oriente Médio, que, com base no chauvinismo do Estado turco, inclui operações de extermínio das comunidades kurdas, intervenções militares do Exército turco no norte da Síria e em outros lugares, alianças desagregadoras com a União Europeia, mesmo com o próprio ISIS, através da OTAN.
O tratado de acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre a questão migratória, que classifica a Turquia entre os países mais seguros, ao mesmo tempo que aprisiona milhares de refugiados em campos de concentração em áreas no leste e oeste de suas fronteiras, e efetiva as bases para a consolidação de um sistema totalmente totalitário em seu interior, é ilustrativo do que nos reservam os estados e os patrões em um futuro próximo, sobretudo em um período de intensificação dos antagonismos entre os soberanos nesta área geográfica e em todo o mundo.
Como Organização Política Anarquista expressamos nossa solidariedade com os companheiros anarquistas da DAF (Ação Revolucionária Anarquista) e com o jornal Meydan, assim como com aqueles que estão lutando na Turquia contra o totalitarismo do Estado, mantendo viva a visão de um mundo de igualdade, solidariedade e liberdade.
A única esperança dos oprimidos frente a barbárie estatal e capitalista e o totalitarismo moderno, é a conexão entre eles para enfrentar a ofensiva que recebem todos. Apenas com a chama das lutas e das resistências internacionais é possível atingir o objetivo de uma sociedade livre e justa. Desde a vizinha Turquia até a Rojava rebelada, desde os bairros pobres da França até as lutas no México, desde a resistência dos indígenas da América do Norte até as grandes manifestações contra o regime dos EUA, nenhum oprimido está só enquanto existir a luta pela liberdade.
Para tomar a vida em nossas mãos, para construir uma sociedade emancipada baseada na dignidade, na justiça, na liberdade e na solidariedade, sobre os escombros do mundo do Poder, do Estado e do Capital, façamos realidade a autogestão social generalizada.
Liberdade ao anarquista Hüseyin Civan, membro da DAF (Ação Revolucionária Anarquista) e editor do jornal anarquista Meydan.
Solidariedade com Umut Firat, editor anarquista do jornal Meydan, preso em greve de fome, e com todos aqueles que resistem à ditadura mundial do Estado e do Capital.
Resistência à guerra, a indigência e o totalitarismo moderno. Organização e luta pela revolução social mundial, a anarquia e o comunismo libertário.
Organização Política Anarquista-Federação de Coletividades
Janeiro de 2017
O texto em grego:
O texto em castelhano:
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!