Na verdade um pouco mais se passou desde que, em 1996, a FAL (Fundação de Estudos Libertários Anselmo Lorenzo) decidiu reeditar o trabalho de Abel Paz sobre Durruti que a CNT (Confederação Nacional do Trabalho) tinha o encarregado vinte e cinco anos antes. De imediato se percebeu a sorte na decisão. Até que em 2004, veio outra impressão através de um acordo com a editora “La Esfera de los Libros”. Agora se têm início uma outra etapa com esta nova re-impressão.
Vinte anos depois o trabalho de Abel Paz segue sendo a referência imprescindível sobre Buenaventura Durruti. Certo é que conhecemos melhor determinados episódios de sua vida, que algumas das afirmações de trabalho foram corrigidas, que surgiram novas informações e que, em especial a questão de sua morte, segue sendo objeto de polêmicas. Mas, de forma global, como ferramenta de referência o trabalho de Diego Camacho (pseudônimo) segue sendo a melhor forma de se aproximar dos leonenses (país Leonês autônomo). Também, vinte anos depois, Abel já não está fisicamente entre nós. Em um 13 de abril de 2009 ele nos deixou. Já não ouviremos suas tosses, nem sua voz rouca. Tampouco seus resmungos e broncas.
E seguem vigentes as razões que justificam a nova edição. Inclusive, em algumas questões, estão mais vigentes que nunca. O relato da memória dos anos republicanos, da revolução e da guerra foram se construindo principalmente, nestes últimos quinze anos, em torno do nebuloso conceito de “republicanismo”, de um enfrentamento exclusivo entre “republicanos” e “fascistas”. Um foco que se tem que pôr em dúvida. Sobretudo o porquê do republicanismo não ter sido a raz&atild e;o única que aglutinou a resistência ao golpe de Estado. De onde deixamos a revolução social? Uma construção que corta à todos aqueles que não entrem nesse genérico, e estrito, conceito. Assim, se podem escrever trabalhos e investigações n&a tilde;o mais sem mencionar a figura de Durruti, ou sequer a CNT, ou o anarcossindicalismo.
Em uma situação como a atual em que há falta de referências para a construção de uma alternativa à ordem capitalista, se faz mais que necessário recorrer às construções anteriores. Nesse sentido, a revolução espanhola segue sendo essencial para debater sobre questões tão atuais hoje como o exercício do poder ou a necessidade de conquistá-lo e para que. Por exemplo, além das grandes diferenças existentes, o que ocorreu no percurso do movimento que conhecemos c omo 15-M em 2011 relembra em seu espírito as sensações que viveram os protagonistas de 1936: algo novo começava.
Durruti en la Revolución española. Veinte años después
Abel Paz
Novo prólogo de José Luis Gutiérrez Molina
Fundação de Estudos Libertários Anselmo Lorenzo
Madrid, 2017 (Biografías y Memorias, 3).
ISBN: 978-84-86864-94-1
776 págs. PVP: 22 euros
fal.cnt.es
Tradução > Rádio Em Missão
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