Nestes dias chegou um mandado anunciando que o Centro Social Autônomo “La Solidaria” será desalojado no dia 21 de março.
A luta das pessoas para transformar a realidade não é um fenômeno novo, é um caminho antigo que recordamos com dignidade. O Estado genocida que foi criado e se impôs nestas terras, o saque da ditadura cívica-militar e sua continuação com os governos democráticos afiançando o capital financeiro, são parte de uma mesma história. A conhecemos porque somos parte dos que combateram contra esses poderes. Somos parte de cada luta pela liberdade e estamos feitos dela. Somos parte da luta pela diminuiç&atild e;o das horas de trabalho, contra o salário e seus donos. Somos parte da luta que conseguiu deter o serviço militar obrigatório, que se bateu na greve geral desobedecendo os dirigentes e somos parte da luta que se opôs a Aratirí [mineradora] e à devastação do terr itório.
E os ataques que nestes dias recrudescem são a tudo isto, não só a um local, a um punhado de refratários senão a um método e a uns princípios bem firmes de liberdade. A tentativa de desalojar “La Solidaria” para este 21 de março, é um esforço vão por deter a auto-organização social, sem partidos políticos ou igrejas, que possui seus lugares, tem suas lutas particulares e cria diariamente a resistência contra os projetos do Poder. A tentativa que mancomuna juízes, po liciais e financistas por restituir a propriedade privada e a ordem, se opõe a uma luta que demostrou várias coisas nestes cinco anos de ocupação. “La Solidaria” demostrou e demonstra diariamente que o mundo da sociedade de serviços pode ser combatido, que um mundo sem lu cro e competição pode sobreviver. Demostrou e demonstra que um mundo sem compromissos, que destroem igualmente toda individualidade assim como todo laço comunitário é atacável, burlável e pode ser vencido.
A casa onde funciona “La Solidaria” pode ser facilmente recuperada pelas forças do Estado e devolvida à especulação imobiliária, é um fato de relação de forças. Mas seus projetos de transformação não serão derrotados por este fato. Nos últimos anos os métodos de ação direta, de auto-organização se reproduziram e se, se perde um local só se perde uma pequena parte.
Nestes anos “La Solidaria” albergou diferentes estruturas auto-organizadas, grupos, atividades e iniciativas sempre com um caráter autogestionado, sem dinheiro e autônomo. Todas as atividades foram e serão sempre antiautoritárias, evitando todo racismo ou sexismo.
De muitas formas quiseram nos comprar e de muitas formas quiseram nos intimidar mas é um tecido muito forte o que nos mantêm. O que fez com que tudo continuasse com firmeza estes anos, apesar dos ataques do Poder, foi o complexo de relações solidárias criados durante estes anos. Muitas casas de similares características não suportaram os embates do processo de gentrificação, foi a capacidade para auto-organizar-se e a determinação o que fez com que “La Solidaria” tenha se mantido firme. Nossa responsabilidade é com tudo isso, com essa luta que vai muito além de nó s e que tem que ver com cada um de nós.
Às suas ofertas e aos seus cassetetes sempre opusemos um firme “não!”.
Voltem por outro quando queiram, sabem onde estamos!
Tirem suas mãos de nossos centros sociais!
Assembleia aberta do Centro Social Autônomo “La Solidaria”
Tradução > Sol de Abril
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ao silêncio do sol.
Anibal Beça
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!