Por Montreal Counter-Info
De improviso e pela primeira vez em muitos anos, os grupos de extrema-direita foram capazes de marchar por Montreal. Não pensávamos que os grupos fascistas pudessem se mobilizar como eles o fizeram, após as derrotas esmagadoras das manifestações do Pegida [movimento de extrema-direita, racista, xenófobo e islamofóbico] em 2015 onde quatro ou cinco sujeitos perdidos foram contestados por 500 manifestantes.
O dia começou por volta das onze da manhã com uma concentração de grupos de extrema-direita na praça Émilie-Gamelin. A defesa da liberdade de expressão era seu pretexto para vomitar seu ódio para os muçulmanos. A reunião consistiu em aproximadamente 150 pessoas, com numerosas bandeiras do “La Meute” [grupo nacionalista] assim como algumas bandeiras do Quebec. Um grupo pequeno de maoistas tratou de bloquear desde o princípio, mas os policiais intervieram apressadamente para apartá-los e limpar a rua para os fascistas.
A manifestação fascista chegou à prefeitura um pouco depois das onze da manhã e a contra-manifestação de aproximadamente 400 pessoas esperava por eles. Os socos começaram a voar de ambos os lados, enquanto a polícia ainda não tinha separado as duas manifestações. Os membros do grupo de extrema-direita que vagavam um pouco longe recebiam certamente uma surra e eram lançados ao chão. Os polícias separaram então as duas manifestações e a esse ponto as coisas estabilizaram-se . A extrema-esquerda num lado e a extrema-direita no outro lado. Os insultos esvoaçavam de ambos os lados, mas sem confrontação.
No entanto, aproximadamente trinta antifascistas decidiram espontaneamente rodear a formação policial. Apesar dos esforços por juntar a mais pessoas para acrescentar ao grupo que se separava da manifestação, a maioria da manifestação antirracista permaneceu no mesmo lugar. É difícil dizer se o problema era a apatia de uma ampla multidão esperando quarenta e cinco minutos no frio, a falta de vontade dos organizadores para comunicar a iniciativa ou a carência dum slogan para estimular um movimento mais amplo. De qualquer forma, só uma pequena parte da multidão se uniu ao esforç o por bloquear aos fascistas da marcha. Este pequeno grupo móvel encontrou-se depressa cara a cara com os membros do “La Meute” que realizavam tarefas de segurança para a manifestação de extrema -direita. Os murros voaram, depois garrafas de vidro, blocos grandes de gelo e uma lata de lixo choveu brevemente sobre os fascistas. O punhado de antifascistas tomou nesse momento a rua para tratar de bloquear a marcha fascista. Mas os polícias em motocicleta chegaram rapidamente para dispersar os antifascistas que se tinham topado no lado equivocado da linha de polícia. A extrema-direita teve então o terreno livre para continuar avançando enquanto a manifestação antirracista seguia por detrás e era empurrada por ações policiais. A manifestação de extrema-direita dispersou-se na praça Émilie-Gamelin.
O dia foi uma derrota contra a extrema-direita que teve sucesso em sua marcha por Montreal. A maioria da gente chegou com a sensação que as coisas seriam bastante tranquilas, com no máximo vinte ou algo assim de racistas e nacionalistas na manifestação de extrema-direita. Não estávamos preparados. Os fascistas converteram-se numa ameaça real inclusive em Montreal, ainda que pensássemos a cidade imune a manifestações de extrema-direita. A próxima vez teremos que tomar a importância do antifascismo muito mais seriamente e assegurar-nos que os racistas não se possam revelar nas ruas, que ficarão escondidos por trás de suas patéticas páginas do Facebook. Refletindo sobre o sábado, uma das poucas fontes de consolo é que pareceu que a maior parte da multidão apoi ou os confrontos físicos sobre os racistas e a noção de os deter desde a tomada das ruas. Uma cultura de luta está bastante inculcada em Montreal e a violência para a extrema-direita é aceita, tendo que seguir atuando sobre isso quando nos encontremos nas ruas.
Algumas reflexões táticas para futuras manifestações antifascistas
• Quando temos uma multidão de 400 pessoas, mais bem que tratar de romper as linhas da polícia antidistúrbio, de 50 a 100 pessoas dever-se-iam ter colocado em ruas vizinhas para impedir a qualquer um unir-se à manifestação da extrema-direita.
• Precisamos de diferentes tipos de projéteis para lançar aos fascistas, ou ovos, bombas de tinta, pedras ou fogos de artifício. Muitas coisas podem ser úteis quando tratamos de os obrigar a pular fora.
Os anarquistas em Montreal já não podem tomar por mais tempo a questão do antifascismo às presas, porque a ameaça é real. Vamos todos e todas a cooperar ativamente nesta luta que se estende através da Europa e a chamada América do Norte. O antifascismo já não pode ser só vinculado a uma subcultura, mas que tem de ser uma parte imprescindível de uma luta eficaz para arrancar o racismo pela raiz.
Fonte: https://itsgoingdown.org/montreal-report-back-antifa-demo-march-4th/
Tradução > Biel Rothaar
agência de notícias anarquistas-ana
Um dia nublado
no beiral do mar sem fim:
tudo está grisalho
O Livreiro
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!