No dia 18 de março, dia de relembrar os primeiros mortos do levante na Síria em 2011, assassinados pelo regime de Assad, aconteceu um protesto contra a guerra e em solidariedade ao povo sírio em Atenas, reunindo centenas de pessoas. A seguir, texto distribuído pela “Iniciativa de anarquistas e migrantes para solidariedade internacionalista ao povo sírio revolucionário”.
No começo de março em 2011, enquanto a Primavera Árabe se espalhava amplamente, influenciando revoltas na Tunísia e no Egito, 15 estudantes adolescentes escreveram nas paredes de sua escola em Daraa, Síria: “O povo quer a queda do regime”. Eles foram imediatamente detidos, presos e torturados pelo serviço secreto e pela polícia. Quando suas famílias protestaram, implorando pela libertação de seus filhos, a resposta que receberam foram ameaças e insultos de ninguém menos do que o cabeça do serviço secreto e primo de Assad, Atef Najeeb, que segundo notícias, disse aos familiares que esquecessem seus filhos e fiz essem outros, ou então que enviassem suas esposas que eles mesmos tomariam conta disso. No dia 15 de março, pessoas furiosas tomaram as ruas de Daraa, exigindo que a s crianças fossem libertadas. Como um gesto de solidariedade às crianças presas e ao povo de Daraa, protestos massivos ocorreram também em Homs e Damasco.
Os grandes protestos continuaram durante os dias que seguiram, e então no 18 de março o povo de Daraa ocupou pontos centrais na cidade, com protestos pacíficos de permanência. O exército recebeu ordens do regime para abrir fogo com munição letal contra os manifestantes. 4 pessoas morreram. Apesar de que os primeiros protestos eram não-violentos, exigindo que os adolescentes fossem soltos, logo se tornaram uma insurgência com ampla participação popular e tensão crescente, com palavras de ordem sobre liberdade, dignidade e reformas. Estes protestos se espalharam, e ao mesmo tempo a repressão se intensificava, cada vez mais violentamente pe lo regime autoritário e neoliberal. Estes fatos levaram a uma radicalização crescente dos manifestantes, que passaram a demandar a queda do regime de Assad.</ font>
Foram manifestações sem precedentes na sociedade Síria, e o medo que era continuamente imposto pela brutal repressão e pela propaganda do regime, ocasionaram uma paralisação política de décadas. As desigualdades econômicas eram dominantes no país, com grandes interesses econômicos nas mãos da família Assad e seus afiliados, altas patentes do exército e da administração eram concedidas quase exclusivamente aos Alauitas (grupo étnico-religioso do oriente médio), enquanto a grande maioria da população Síria – em grande parte vivendo no campo – perman ecia vivendo em terríveis condições de miséria e opressão. Paralelamente, ainda que o regime oportunisticamente apoiava a luta curda por autonomia no Irã e na Tu rquia, suprimia internamente o povo curdo de forma sistemática e brutal.
Um levante massivo e popular por dignidade, liberdade e justiça ocorreu na Síria, um país com um regime totalitário, onde falar sobre questões políticas ou sociais era totalmente proibido por décadas. O regime responde com repressão brutal, mirando em desestabilizar a unidade dos manifestantes, utilizando sectarismo religioso como ferramenta e realizando propaganda extremista, de acordo com a qual os manifestantes aparecem como incitadores de revoltas e terroristas, agentes estrangeiros e perigosos fundamentalistas. Sequestros e torturas pela polícia secreta se intensificaram, especialmente contra ativistas e a parte mais ativa da insurg&e circ;ncia. O exército atirou com munição letal contra os manifestantes de forma regular, em todos os protestos. A negação dos soldados em seguir a ordem dos generais (e m sua maioria Alauitas) para atirar em civis levou a deserções em massa do exército. O povo sírio se revolta.
Enquanto os movimentos populares de massa continuavam com intensidade crescente, comitês auto-organizados apareceram no campo social, coordenando a resistência e a vida cotidiana nas áreas liberadas. Mas, enquanto a violência crescia, confrontos armados gradualmente saíram das mãos da sociedade em luta e se tornaram responsabilidade de estruturas hierárquicas de grupos armados com várias ideologias e políticas, como o Exército Livre da Síria e a Al Nusra. No fim, uma dura guerra civil irá prevalecer, durante a qual as velhas diferenças religiosas e étnicas irão prevalecer e dominar.
Nos posicionamos criticamente em solidariedade aos revolucionários combatentes do povo sírio, às comunidades auto-organizadas e anti-governo nos bairros, que continuam a resistir não importa o quão duro tenham sido atingidas. Contra todas as formas de autoridade, contra todos os pretensos salvadores. Para além das religiões e fronteiras.
Dinheiro, religiões, nações, gênero e raça firmaram as fronteiras que separam as pessoas. Esse é o motivo que nos faz ser contra símbolos nacionais e religiosos. Nós desejamos igualdade, solidariedade e liberdade total para todos. Contra toda dominação e autoridade, a bandeira vermelha e negra é um símbolo dos de baixo, e o único símbolo que apoiamos.
Iniciativa de anarquistas e migrantes para solidariedade internacionalista ao povo sírio revolucionário
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ectLbbfELpQ
Fonte: http://www.provo.gr/poreia-allhleggyhs-sto-syriako-lao/
Tradução > Yanumaka
agência de notícias anarquistas-ana
arco-íris no céu.
está sorrindo o menino
que há pouco chorou
Helena Kolody
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!