Em Poznan, no sábado, 8 de abril, sob o mote “O nacionalismo não passará”, foi organizado um protesto contra a crescente onda de violência fascista, racista e homofóbica na Polônia. A manifestação foi apoiada por estrangeiros que vivem na cidade, organizações feministas, LGBTQIA, acadêmicos e vários grupos anarquistas. Aproximadamente 1000 pessoas participaram do protesto. Pelo menos 7 pessoas foram detidas. Houve registro de atritos entre antifascistas e nacionalistas. A seguir, texto distribuído na manifestação.
Nos últimos anos, uma onda de nacionalismo, racismo e xenofobia inundaram a Polônia. O crescimento da popularidade dessas ideias, apoiado pelo partido no poder [capitaneado por Jaroslaw Kaczynski, líder do partido Lei e Justiça, conservador, nacionalista], tem se fortalecido a cada mês. Cada vez mais, se escuta sobre ataques baseados na etnicidade e religião, onde quer que se vá é possível ver pessoas vestindo camisetas com propaganda sobre assassinar inimigos da nação, e notícias anti-refugiados se tornaram regra na mídia. Em 2015, o número de crimes racistas reportados cresceu 20% comparado com o ano anterior. Houveram 954 v&iac ute;timas, em sua maioria judeus (154), muçulmanos (140), e Ciganos (140). A maioria dos poloneses são contra a presença de africanos em seu país, 62% pensam que a presença de árabes não é benéfica e 52% não querem ver turcos na Polônia.
O nacionalismo é um problema para todos nós. Não apenas diz respeito a pessoas não-brancas, que são atacadas nas ruas todos os dias. Não é apenas sobre os estudantes estrangeiros, que tem medo de sair de seus dormitórios. Não diz respeito apenas sobre migrantes, explorados e tratados como escravos por seus patrões. Não é apenas sobre pessoas de diferentes religiões, que são consideradas terroristas em potencial. Não é apenas sobre mulheres, que são objetificadas e consideradas incapazes pelos fanáticos conservadores da grande Polônia branca, que apoiam as ideias do atual governo sobre estreitar as leis de aborto, acesso ao controle de nascimento e educação sexual. O nacionalismo diz respeito a todas as pessoas que em qualquer hipótese não se encaixe na descrição do homem polonês ideal e a esposa polonesa perfeita. O nacionalismo sempre segue o chauvinismo, o racismo, o fascismo e outras formas de exclusão, violência e exploração, e acreditar em uma forma positiva de nacionalismo é simplesmente acreditar em uma mentira que foi consistentemente criada para cobrir a face real dos nacionalistas.
O nacionalismo é uma ideologia que serve aos ricos, e que os permite a usar os pobres para se tornarem ainda mais ricos. O nacionalismo cria divisões e hierarquias entre as pessoas, e as manipula de acordo com as regras de dividir e conquistar. Estudantes, trabalhadores e pensionistas começam a agir uns contra os outros e não contra a autoridade e outros que são responsáveis por seus problemas: pobreza, exploração, a qualidade da educação e o acesso ilimitado a isso.
O nacionalismo pinta uma fotografia falsa do passado que é necessária para o governo conservador, porque torna possível para eles afastar a possibilidade de um debate honesto sobre o passado, assim como diálogos sobre o presente. A sociedade é alimentada por mitos e aniversários históricos. As pessoas são obrigadas a cantar irrefletidamente o hino nacional e repetir lemas memorizados. Organizações nacionalistas radicais e fascistas se encaixam perfeitamente neste tipo de realidade, apenas querem espancar as pessoas e não pensar independentemente.
O desfile do ódio organizado pelos militantes do Mlodziez Wszechpolska [“Juventude Polonesa”, organização de extrema-direita de caráter nacionalista e filosofia católica] em Poznan é apenas um dos exemplos da imprudência e da ignorância de seus membros. A organização responsável por introduzir os “bancos-guetos” [segregação oficial introduzida na Polônia para separar estudantes judeus] não pode se referir ao ethos acadêmico, eles não têm direito de ameaçar estudantes e trabalhadores da universidade e eles não têm absolutamente nenhum direito de atacar pessoas indefesas e destruir as iniciativas criadas por elas.
Nós não vamos permanecer passivos observando as agressões racistas e nacionalistas! Nós somos contra a inclusão de membros de organizações abertamente nacionalistas no debate público! Não vamos debater com racistas! Nos opomos a esta ideologia do ódio! Apenas quebrando os limites nacionais que seremos capazes de construir comunidades justas e igualitárias!
O nacionalismo não passará!
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!