• Coordenadora de imigrantes apresentou uma demanda contra o intendente de Antofagasta e a PDI.
• “Nunca lhes informaram acerca de algum fato específico no qual se baseara a medida de expulsão contra ela”, assegurou.
A Coordenadora Nacional de Imigrantes apresentou uma demanda contra o intendente de Antofagasta, Arturo Molina, e a Polícia de Investigações do Chile (PDI) pela expulsão de três universitários peruanos, supostamente perseguidos por possuir livros de anarquismo, marxismo e de ciências sociais.
Este sábado, o presidente da organização, Rodolfo Noriega, interpôs um recurso de amparo a favor dos estudantes, que foram expulsos do país em 26 de janeiro, contra quem disse que a PDI realizou um “ilegal e infundado acosso sistemático” pelo fato de levar consigo ditos textos.
Os jovens peruanos ingressaram no Chile em 18 de janeiro por razões de turismo graças ao convite de alguns amigos chilenos que haviam conhecido no Peru, viagem que também utilizariam para complementar seus trabalhos de pesquisa acerca da história dos movimentos de trabalhadores do século XX.
“A polícia realizou um ilegal e infundado acosso sistemático contra os estudantes peruanos, contra quem apresentaram uma denúncia pelo simples fato de possuir uns livros de marxismo e ciências sociais em geral. Esta denúncia foi a base para que o Intendente de Antofagasta, Arturo Rosamel Molina Henríquez, dispusesse sua expulsão do país, ao considerá-los ‘propagandistas ou incitadores de ideologias’ que entende são contrárias à estabilidade do país”, expõe a Coordenadora.
Noriega consigna na demanda que os amparados chegaram desde Tacna a Arica, logo partiram para Iquique, para dirigir-se finalmente até Antofagasta, em um percurso que fizeram por partes para conhecer distintos lugares. Ao descerem do primeiro ônibus que tomaram em Iquique, foram abordados por efetivos da PDI, que “sem motivo” algum lhes realizaram um “extenso interrogatório na rua” sobre sua viagem, que se repetiu 15 minutos depois.
Detidos após um “controle rotineiro”
Após o primeiro encontro com a polícia, se alojaram em Antofagasta na casa de seus amigos. Logo, em 24 de janeiro, viajaram a La Serena, onde a PDI “montou um operativo de perseguição e vigilância à casa, hostilizando de forma constante aos amparados, com controles de identidade e perseguições, inclusive às amizades dos amparados, assim como a vizinhos da casa onde se alojavam”.
Dois dias depois, em momentos que os jovens realizavam umas compras, foram fiscalizados novamente por efetivos policiais que faziam um “controle rotineiro”, que os detiveram e levaram à unidade de Polícia Internacional da PDI de la Serena.
Nesse lugar, acusa Noriega, um subcomissário voltou a interrogá-los “de forma grosseira e prepotente”, lhes “exigiu especificamente que declarassem qual é sua ideologia”, e assumindo que eram anarquistas, “lhes perguntou se haviam participado em eventos” sobre o tema.
Ante a negativa dos amparados, “o subcomissário lhes disse que estavam detidos por não dar-lhes maior informação”, prossegue o presidente da Coordenadora, detalhando que “logo lhes assinalou que tinham uma ordem de expulsão contra eles ditada pelo intendente de Antofagasta, lhes filmou uma declaração e os ameaçou, entre outras coisas, com ‘falar com a linguagem universal da violência (sic)'”.
“Foram amedrontados e não lhes permitiram alimentar-se”
Posteriormente foram algemados e conduzidos em diversos veículos até Arica, desde onde os expulsariam, trajeto no qual “não lhes permitiram alimentar-se, foram tratados de forma grosseira e inclusive trataram de os amedrontar como levá-los a um quartel militar em Arica”, assegura Noriega. Assim mesmo, questiona que a estes jovens “nunca lhes informaram acerca de algum fato específico no qual se baseara a medida de expulsão contra eles, e tampouco se lhes informou ou comunicou do direito que teriam de poder recorrer de dita ordem d e expulsão”.
“A campanha ‘macartista’ da polícia e do Governo desnuda uma vez mais a debilidade e precariedade do sistema democrático no Chile pondo em jogo o estado de direito”, criticou Noriega, ratificando que em 11 de abril marcharão conjuntamente com o movimento estudantil para apoiar “as justas lutas do povo chileno” e ” promover a participação do povo imigrante nelas”.
Tradução > Sol de Abril
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