Leitores de todos os tipos se juntaram no sábado (25/03) para a terceira Feira do Livro Anarquista de Orange County (OCAB) em Anaheim.
O evento ofereceu uma seleção de workshops, painéis e palestrantes, além de um espaço para vendedores.
A feira foi organizada por um coletivo que tem como missão se opor a “todas as estruturas de opressão” com o objetivo de “criar ativamente um outro mundo dentro do próprio umbigo dessa laranja que está apodrecendo”, de acordo com o programa.
O discurso do evento anarquista abordou a antítese ideológica do anarquismo: fascismo. “Fascismo” foi a palavra mais presente nas bocas dos palestrantes e dos ouvintes. O conceito foi explorado pelo palestrante e autor Alexander Reid Ross.
Inicialmente, Ross traçou os fundamentos ideológicos do fascismo. O definiu como uma ideologia populista e de direita que está atrelada ao nacionalismo. Essa “ideologia ultra-nacionalista”, como ele denomina, é baseada na suposta supremacia das elites, na sua hierarquia racial e violência extrema.
“A comunidade ultra-nacionalista precisa expulsar os intrusos”, disse Ross.
Ele também apontou a islamofobia e a xenofobia contra imigrantes como exemplos na nossa própria sociedade assim como a obsessão fascista com o “inimigo interno”, que historicamente tem sido pessoas judaicas. Psicologicamente, Ross atribui a paranóia, o desespero, a insegurança, e o complexo de superioridade – que é na verdade um complexo de inferioridade – como as raízes do fascismo.
Como anarquista antifascista, Ross implorou aos ouvintes que confrontem o fascismo em todas as frentes.
“É uma questão dos fascistas se insinuarem na direita e de como a direita usa o fascismo em sua agenda”, disse Ross. “Confrontar o fascismo de forma militante é vital para manter os republicanos sob controle.”
Byron Lopez, um dos participantes de feiras de livros, viu em primeira mão o confronto no sábado de manhã na praia de Huntington entre apoiadores pró-Trump e manifestantes anarquistas de oposição.
“Não há radicalização de nenhum lado. É um sintoma da era em que vivemos”, disse Lopez. “Os Estados Unidos está se desindustrializando. A força de trabalho está se tornando menos capacitada, robôs estão substituindo nossos trabalhos, e estamos nos tornando redundantes.”
Lopez e seu amigo Cem Surmeli estavam se apresentando para os Socialistas Democratas da América, a maior organização socialista dos Estados Unidos. Depois de anos apenas lendo a literatura de esquerda, Surmeli começou a trabalhar como organizador após a eleição de Donald Trump.
“A eleição de Trump criou um ímpeto em mim de pegar conceitos teóricos que tem sido aplicados em outros pontos da história e começar a aplicá-los na situação de agora”, disse Surmeli.
Surmeli vê Trump como um avivamento das tendências fascistas que baseiam a sociedade americana. De acordo com Surmeli, o anarquismo é a solução.
“O anarquismo é uma ferramenta para questionar a legitimidade da autoridade e da hierarquia e para desmantelar ambos”, disse Surmeli.
Entretanto, nem todos puderam seguir a filosofia e a teoria política intelectual. Christina Iraheta, militante ativista que também se preocupa com a justiça trans-formativa, e participou da feira do livro como uma oportunidade para aprender.
“Existem muitos lugares para ir e aprender sobre anarquismo”, disse Iraheta.
Apesar de achar isso interessante, ela achou que foi “muito acadêmico” e que os palestrantes simplesmente estavam falando com outros anarquistas ao invés de educar as pessoas pra quem o anarquismo é um assunto novo.
Mesmo que o anarquismo possa ser às vezes uma ideologia mal compreendida, possui valores que Ross acredita possíveis de aplicação na vida cotidiana.
“Nós temos que abandonar os sectarismos e nos juntar numa luta comum para nos libertar”, disse Ross.
Fonte: http://sundial.csun.edu/2017/03/anarchist-book-fair-explores-fascism-and-the-political-hierarcy/
Tradução > Said Al Latere
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!