Domingo, 23 de abril, dia de votação. No momento que cada um é chamado à cabine, é coletivamente que uma ocupação toma forma, Praça Bouffay. Desde o meio-dia, uma oficina de faixas foi organizada, e as mensagens são imediatamente penduradas no centro da cidade. Entre outras, na Praça Saint Croix: “Em abril, não seja servil. Em maio, faça o que gosta.”
No começo da noite, a multidão aumentou na praça. Divertem-se com um tiro ao alvo com as imagens dos candidatos, jogando sobre um twister com as cabeças dos presidenciáveis. Ambientação bastante elegante. Às 20h os primeiros resultados chegam. E o duelo anunciado pelas sondagens e metodicamente construídas pela mídia se confirma. Direita contra extrema-direita. Um banqueiro contra uma racista. O fato de estarmos juntos perm ite romper com a estupefação de uma noite eleitoral passada diante de uma tela.
O microfone circula, e trocamos algumas considerações sobre os novos reis. Aqueles que votaram declaram que vão se abster. Os outros também. Explicam os contornos ultraliberais e autoritários de Macron, que ouvem antecipar uma retirada de direitos sociais desde o verão. Depois as falas dão lugar à música. Em relação a 2002, a última vez que a Frente Nacional (FN) passou ao segundo turno, a afluência à praça permaneceu bastante fraca. “Não olhem para nós, Juntem-se a nós!”
Por volta de 21h uma caminhada de 400 pessoas toma as ruas, com seus sinais de fumaça. A manifestação serpenteia nas ruelas do bairro, arrastando também um considerável número de policiais. Algumas pichações aparecem, um banco tem a vitrine quebrada. Mas o ambiente dessa rodada de aquecimento é sobretudo se fazer ver e ouvir, para juntar as raivas.
“Nem Macron, Nem Le Pen, Autogestão!”
Para não perder a ocasião, a polícia decidiu festejar à sua maneira a chegada da FN ao segundo turno. A Praça do Pilori se transformou num campo de tiro para a polícia. A frente do cortejo recebeu balas de borracha, gás e bombas de efeito moral. Foi uma emboscada. Houve muitos feridos. Divididos, uma parte do cortejo ergueu uma barricada na Rua Strasbourg. A manifestação se recompôs, antes de ser novamente atacada. O gás lacrimogêneo entra até nos bares, e as pessoas nas varandas passam mal. Algumas fogueiras aparecem. Salva de granadas. Coquetéis molotov são atirados n a FNAC. As detonações são ouvidas até na Praça Royale. Alguns manifestantes se reúnem novamente na Praça Bouffay, onde a polícia ataca de novo.
Essa noite, nada de querer perturbar o advento eleitoral da finança e do racismo. Simultaneamente, outras fogueiras sinalizaram em Nantes, sobretudo nos bairros no Norte. Enquanto isso, em Paris, Macron festeja sua vitória numa luxuosa churrascaria. Em Nantes, contam-se 6 prisões e muitos feridos.
Nantes Révoltée
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