Pela Greve Geral indefinida
A precariedade e corrupção na Espanha
O governo e os meios de comunicação seguem insistindo na progressiva recuperação econômica que vive o país. Por outro lado, a taxa de desemprego supera os 4 milhões de pessoas, sendo o trabalho negro, a precariedade laboral, as rendas de inserção nas comunidades autônomas (‘RMI’ na Comunidade de Madrid), e as economias e pensões de familiares idosos, os suportes que tem os trabalhadores na Espanha para lidar com tão penosa situação. Os serviços sociais de Madrid estão colapsados e os investimentos no âmbito social são cada vez menores. Cada vez mais dinheiro é posto no sentido da terceirização de serviços, sendo consequências diretas a precarização dos serviços sociais, um pior serviço com mais gasto para o s contribuintes e o lucro direto de diversas ONGs que vivem da terceirização, da precariedade e da exclusão social.
A pobreza infantil na Espanha se multiplicou por cinco durante a crise. Entre 2008 e 2015 o número de crianças em situação de pobreza extrema aumentou para mais de 400.000. A precarização e a destruição dos postos de trabalho levaram a grande empobrecimento das famílias obreiras. Isso se traduz na falta de acesso aos serviços para os menores, má alimentação e graves consequências para a saúde.
Todos os dias seguem acontecendo despejos na Espanha, pois as famílias não conseguem pagar as hipotecas. Se realizaram centenas de milhares de despejos desde o começo da crise, enquanto que o investimento em habitação por parte do Estado foi reduzido em 50%, ao passo que milhares de casas se encontram vazias. Cerca de 30% dos imóveis desocupados da Europa estão na Espanha. Chegou-se a tal ponto que na Espanha uma das principais causas de mortes é o suicídio.
A Espanha é o país com a maior desigualdade dentro da União Europeia, variando entre a segunda e quinta colocação. Essa condição, longe de diminuir, aumentou desproporcionalmente na crise, polarizando a sociedade. Cerca de 30% da população espanhola vive em risco de pobreza extrema em razão dos baixos salários, o desemprego e a precariedade laboral. De outro lado, 1% da população concentra quase 70% da riqueza do país. Os políticos jogam seu papel promovendo políticas que reforçam e protegem a concentração da riqueza nas mãos de uns poucos.
Já está mais do que demonstrado que aos representantes políticos pouco lhes importa a situação social. Seu objetivo não é outro que viver das instituições do Estado. Isso expressou claramente o senador do PP Eugenio González: “que trabalhem os idiotas”. Sendo que os idiotas que os sustentam, a eles e aos empresários, com seus salários, vícios e nível de vida. Obviamente que esse senhor não irá renunciar ao seu cargo.
No dia 23 de fevereiro se publicou a sentença dos cartões pretos. Na mesma, representantes do PP, PSOE, IU, CO e UGT, conselheiros na Caixa de Madrid, depois de gastar durante anos centenas de milhares de euros “de representação”, são condenados a penas irrisórias por apropriação indébita. O mais provável é que nenhum sequer pisará na prisão, sejam em razão das baixas pena, seja porque lhes sobra dinheiro.
A trama da ‘Púnica’ é outro caso dos mais comentados e com mais repercussão midiática na Espanha. Na mesma se prenderam e processaram dezenas de membros do PP e do PSOE, bem como empresários, todos acusados de corrupção, pagamento de comissões ilegais através de uma trama societária. Esse caso atingiu profundamente a cúpula do PP em Madrid. Os mesmos que enchem a boca de democracia e liberdade para encarcerar aqueles que lutam contra as injustiças.
A guerra no mundo
O sistema econômico capitalista não faz estragos somente na Espanha. Diversas guerras sacodem o mundo hoje em dia. Algumas mais midiáticas, outras menos. A maior parte com a justificativa de defesa da paz e promoção da democracia. No entanto, por trás desses conflitos patrocinados pelos Estados Unidos, Rússia, China, Irã, a União Europeia ou a Grã Bretanha e França em particular, primam os interesses econômicos das multinacionais e os interesses geopolíticos dos Estados, os quais giram em torno da construção de grandes estruturas, o controle do gás e do petróleo, das reservas minerais e de outros recursos naturais.
Atrás de cada arma, míssil, bomba, avião de combate e exército, existem empresários que lucram com o negócio da morte e do sofrimento. Um exemplo que temos na Espanha é o ex-ministro da defesa, Pedro de Morenés y Álvarez de Eulate, vinculado a alta nobreza espanhola e empresário da indústria armamentista.
A Espanha foi e é um dos maiores provedores de armas para o mundo nos últimos 50 anos, com a desculpa da defesa. No entanto, entre os seus clientes estão diversos países que estão envoltos em guerras com outros países ou conflitos internos. Alguns deles são o Reino Unido, Arábia Saudita, Iraque, Líbia ou Venezuela.
De outro lado temos as centenas, talvez milhares, de vítimas civis que morrem diariamente por causa dos conflitos armados que sacodem o mundo. Milhões de trabalhadores que tem que se submeterem ao sorteio da morte para manterem suas famílias.
Existem, pois, motivos para se organizar. Para a greve geral indefinida
Tanto dentro das fronteiras do mundo ocidental, quanto fora, nós, os trabalhadores, temos que sofrer as misérias a que somos condenados por empresários e políticos. De dentro, temos que sofrer o deslocamento das fábricas, a destruição dos postos de trabalho e o medo contínuo do desemprego, assim como a frustração de que jamais alcançaremos o nível de vida que nos vendem como o ideal de qualquer país rico e desenvolvido. Tudo isso com o fito de nos explorar e tirar de nós o máximo de proveito de nosso trabalho com o mínimo de salário (e se ainda economizam com a Seguridade Social, melhor ainda), embolsando tudo.
Fora do Ocidente, os negócios da guerra e os interesses imperialistas das multinacionais e do Estado mantém na miséria milhões de pessoas nos cinco continentes, sofrendo fome e guerras que nunca acabam.
O deslocamento da indústria europeia é outra manobra patronal para economizar na fabricação de produtos, mantendo milhares de trabalhadores e crianças em condições subumanas e de semiescravidão. Foi assim que Amancio Ortega, fundador da Inditex, fez sua fortuna, sendo aplaudido na Espanha como um empresário exemplar, ao passo que é exaltado pelos mesmos políticos que criam os esquemas de corrupção para enriquecerem, e por empresários que financiam aos partidos políticos que promovem políticas que defendam seus interesses de classe contra os trabalhadores.
Ante essa situação, é necessário que nós trabalhadores nos organizemos para colocar sobre a mesa a ferramenta mais efetiva que contamos tanto em nível local quanto internacional, a greve geral indefinida. Para parar as investidas neoliberais na Espanha, tanto como contra as guerras que assolam as populações do mundo em virtude de negócios de uns poucos empresários e políticos.
Longe dos sindicatos pelegos, que são parte da engrenagem da máquina neoliberal, temos a alternativa de criar e fomentar redes, coletivos e sindicatos de funcionamento horizontal, assemblearios e solidários, que são a melhor ferramenta para colocar travas ao neoliberalismo, tanto no aspecto laboral quanto no social, e ainda para defender e promover nossos interesses como trabalhadores.
NEM GUERRA ENTRE POVOS, NEM PAZ ENTRE CLASSES
PARA A GREVE GERAL INDEFINIDA
PELA ANARQUIA
Grupo Anarquista Tierra
grupoanarquistatierra.wordpress.com
Fonte: https://federacionanarquistaiberica.wordpress.com/2017/04/11/1o-de-mayo-de-2017-contra-la-precariedad-la-corrupcion-y-la-guerra/#more-790
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Amanhece em flor
e anoitece pelo chão
— efêmero ipê
Marba Furtado
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!