Na sexta-feira, 10 de março, um entregador de 22 anos chamado Memo, que estava empregado na conhecida rede de cafeterias Mikel, no bairro de Colono (bairro de classe obreira da cidade de Atenas), perdeu a vida. Ele deu entrada no hospital em 2 de março após um acidente no trabalho.
Este incidente aconteceu só uns meses após a morte de uma jovem mãe depois de uma explosão na rede de fast-food (Everest) onde trabalhava, bem como a morte de uma empregada de hotel em Zakynthos e a morte mais recente de outro entregador de encomendas na Speedex.
Estes incidentes particulares que emergiram, e muitos mais que estão condenados a permanecer na escuridão, são registrados, codificados e tratados como acidentes de trabalho ao nível da narrativa hegemônica e da memória coletiva. Vamos só pensar: como de justo e apropriado é introduzir o sentido de acidente, de coincidência, quando neste risco entre o capital e os trabalhadores as regras a priori têm sido ignoradas e o resultado do jogo está já predeterminado?
Elites locais e internacionais e qualquer classe de multinacional, não deixam nada ao acaso quando os seus interesses financeiros estão em jogo e a sua rentabilidade está a ser ameaçada. Este caso particular não é nenhuma exceção, já que é uma das maiores redes de cafeterias, com aproximadamente 140 lojas através de toda Grécia, ao passo que as estatísticas da companhia revelam um lucro de 3.4 milhões de euros em 2014. Sobra dizer que o ganho não garante a mais leve melhora das condições laborais enfrentadas pelos empregados. Quanto aos entregadores de encomendas, como Memo, o perigo grave de acidentes de tr áfico sempre está aí já que não cuidam dos veículos corretamente e a tensão causada pelos prazos estritos na entrega de um produto só aumentam esta possibilidade. A monstruosidade dos chefes não só concerne a este tipo de ocupação. As denúncias apresentadas contra esta companhia e as contas dos numerosos empregados revelam demissões intensivas e revanchistas, horas extraordinárias devidas, a tomada de mais responsabilidade que a prescrita pela descrição do trabalho e uma hiper-intensificação das relações de trabalho já precárias.
Os bastidores, por trás dos falsos sorrisos de maneira forçada, por trás do serviço rápido e o prazer oferecido por ter um café em Mikel, não se diferencia de criações capitalistas semelhantes dos privilegiados: uma imagem criada pelos chefes contra os trabalhadores, cuja classe é dizimada e termina pagando com seu sangue. Fausto e Mefistófeles são a mesma pessoa. Como parte dos trabalhadores de baixo, decidimos conscientemente não permanecer na apatia, não nos acostumar outra vez à morte. Há estas letras dizendo: “a gente é generosa em palavras e avara no sangue”. A abundância nas palavras do sindicalismo de classe alta ou as condolências hipócritas dos respons& aacute;veis ante a família dos mortos não bastarão. Em contraste, decidi mos devolver um pouco da monstruosidade dos chefes contra o explorado danificando a sede central desta companhia. Ao mesmo tempo, através de nossa eleição, reclamamos estruturas não hierárquicas e um processo direto como uniões de sindicatos de base e coletivos políticos, de modo que os trabalhadores possam defender-se contra o assalto frontal ao qual são expostos.
Há um tempo para plantar, e um tempo para colher
LUTA POR UMA VIDA COM DIGNIDADE
DE MANEIRA QUE NÃO NOS ACOSTUMEMOS À MORTE
Grupo Anarquista Rouvikonas
Para assistir o vídeo da ação direta, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=6VuLeVoHytQ
Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1570606/
Tradução > Biel Rothaar
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