Este ano a CNT voltou a montar sua tenda em Villalar sob o lema “Seu mundo nos destrói, construamos o nosso“, apostando por dar um conteúdo obreiro e popular à data de 23 de abril [dia em que se recorda a revolta das Comunidades de Castilla e a Batalha de Villalar em 1521]. Podemos dizer que a sintonia com o resto do movimento libertário é cada vez mais evidente, tornando realidade o discurso de união tão necessário nos dias que correm.
Os meios de comunicação voltaram a dar uma imagem institucionalizada, rotineira e comercial do 23 de abril. É difícil não perguntar de que comunicação falam, quando dão essa imagem e passam de relance ante atividades sólidas e vinculadas às lutas abertas nestas terras, como é o caso da tenda da CNT.
Este silêncio dos meios (especialmente com a CNT ) rompe-se com a realidade do que em Villalar sucede e ao que puderam assistir milhares de pessoas que lá estavam. A demonstração reivindicativa dos muitos coletivos sociais que abrem as suas portas continua a ser um altofalante aos problemas sociais, laborais e ambientais que em toda a península nos afetam. A CNT continua a transportar um importante conteúdo em cada um dos temas.
No entorno da tenda conseguimos ver durante todo o dia distribuidoras que partilhavam informação: CNT Ávila, CNT Valladolid, CNT Zamora, Diario de Vurgos, Federación de Estudiantes Libertarios, Ideas de Rebelión, La Maldita, Marcando Pezón, editora Zarramaco... Também, e é algo para ter em conta, muitos outros coletivos mostraram o seu interesse por estar em Villalar, embora não pudessem comparecer. Esperamos que nas próximas ed ições possamos estabelecer relações com eles.
Um dos pontos fortes deste ano esteve nas intervenções no ato social e sindical, que contou com diversas plataformas sobre a defesa do meio ambiente. A apresentação do ato da CNT esteve a cargo de Rubén Ruiz, que recordou que é “um orgulho que depois de mais de 10 anos de presença neste acampamento o cenário tenha servido para dar espaço a diversas reivindicações populares, mas jamais para que um político conte as suas mentiras, os seus interesses particulares ou nos lance a sua nojenta corrupção”. Enquanto isto, ecoavam os acordes do hino da CNT “A las barricadas“. Quisemos também fazer uma menção especial à ativista recentemente falecida, Doris Benegas, “que contribuiu de forma transparente para que Villalar fosse um espaço de reivindic ação social e política: a sua ausência nota-se de uma maneira muito dolorosa nesta data”.
Chegava a hora para Alejandro Cano da Plataforma de Toledo em Defesa do Rio Tejo, que ressaltou como é o Tejo nas suas diferentes partes, “o rio mais violado de toda a península Ibérica”, como as instituições “aderem a interesses políticos particulares esquecendo os interesses comuns” e que só “desde a união do próprio povo podemos dar voz e solução aos graves problemas que atravessa o rio mais grande da península Ibérica”.
Desde a Assembleia Antinuclear de Salamanca e desde a Coordenadora contra Garoña explicaram-nos todo o drama e o processo da energia nuclear na península Ibérica: “disseram-nos que não cortavam nenhum carvalho e encontramos um desastre ecológico de grande alcance”, e acrescentaram anotações que assinalam o perigo nuclear -“o seu transporte, o seu armazenamento, os efeitos da exposição à radioatividade para a saúde, os seus resíduos de milhares de anos etc”-. Também no caso de Garoña, “que é uma central obsoleta, com tecnologia que não o ferece nenhuma garantia… e não o dissemos à Coordenadora, mas sim ao Comitê de Segurança Nuclear, assegurava o porta-voz da Coordenadora contra Garoña, Andrés Amayuelas.
Em seguida, Gaspar Manzaneda, da CNT, recordava “que faz 100 anos que os trabalhadores nas terras da Rússia, iniciavam a maior ofensiva contra o capital”, “que somos quem produzimos a riqueza e portanto quem a devemos gerir” e chamou sem fissuras “a unidade dos trabalhadores, porque, como disseram as pessoas de Salamanca, Toledo e Burgos, já não se trata de uma união possível, se não necessária para a sobrevivência da nossa espécie e do nosso planeta”.
Por último, o apresentador do ato, convocou as pessoas que ali se encontravam “a acudir às manifestações do Primeiro de Maio, data histórica para a classe trabalhadora, onde denunciar os cortes e agressões que estamos padecendo há uma década”.
Durante todo o dia pudemos ouvir o som de numerosas dulzainas através do coletivo Tarambanas de Palencia, também o som de rancheiras a cargo dos Los Linces de la Meseta e, por último, um concerto de rock a cargo de APAKA de León e Brea Bastard e Debakle de Valladolid.
Queremos agradecer aos grupos de música a afinidade e o companheirismo que transmitem com a CNT e que o seu trabalho é tão fundamental como o do resto das pessoas (militantes, distribuidoras..) que colaboram para que ano após ano a tenda da CNT seja diferente. Tudo na tenda -na montagem, nos bares, no minuto a minuto sempre uma convivência tão unida- foi possível desde a autogestão militante, pedra angular que apostamos para construir um mundo que não nos destrua.
Nos vemos na luta e no próximo Villalar.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xdErdbW2Ovc
Fonte: https://www.cntvalladolid.es/cronica-de-cnt-en-villalar-2017-una-realidad-obrera-y-popular/
Tradução > Joana Caetano
Mais fotos:
agência de notícias anarquistas-ana
A música escapa
para a calçada.
Acalmam-se os rostos.
Marien Calixte
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!