Cartaz e comunicado do coletivo anarquista de Tessalônica “Negro e Vermelho”, publicados em sua página web.
O texto do cartaz:
“A humanidade deixou-se bastante tempo, muito tempo, governar e que a fonte dessas infelicidades não reside em tal ou qual forma de governo, mas no princípio e no próprio fato, qualquer que seja, do governo”.
Mikail Bakunin
Nenhum governo quer ou pode defender os interesses dos plebeus. Lutas sociais combativas, sem líderes, contra as planificações do Estado e do Capital.
Marcha de solidariedade e apoio à luta dos trabalhadores de Viomijanikí Metaleftikí, quinta-feira11 de maio de 2017, às 18h, em Kamara.
Greve contra a votação do quarto memorando, o dia da greve geral, quarta-feira 17 de maio de2017, às 10h, em Kamara.
Coletividade pelo anarquismo social “Negro e Vermelho”, membro da Organização Política Anarquista/Federação de Coletividades
O texto do comunicado:
A votação que aprovou o quarto memorando intensifica a barbárie estatal e capitalista que os oprimidos estão sofrendo. A partir desta acepção notamos que a coalizão governamental, estando em plena concordância com sua trajetória e não surpreendendo a ninguém, reforça o aprofundamento da crise, cujas consequências afetam uma vez mais as classes sociais mais baixas, tornando insuportável seu cotidiano. Claro, esta ofensiva tem tantas interpretações e facetas como as pretensões dos soberanos. Por um lado, as novas medidas econômicas conduzem a uma indigência cada vez mais intensa, e por outro lado, a repressão estatal faz todo o possível para que não haja rupturas como consequência das lutas e das resistências sociais, já que o governo sabe muito bem que as ilusões sobre uma mobilização popular convocada por uns mediadores e apoiada por uma parte dos partidos que aspiram a gestionar o poder desmoronaram totalmente depois da aparição do verdadeiro rosto do Syriza, quando este partido retirou sua falsa cara lutadora. Já é claro que as formas de resistência que surgiram não podem ser ensinadas, mas constituem uma reação espontânea contra a degradação de nossas vidas e a indigência, e se voltam contra a política estatal, os governos e a gestão de nossa vida pelo Poder, ou seja contra a essência dos sistemas de Poder.
A ratificação da medida que permite a abertura das lojas pelo menos trinta domingos ao ano, enquanto que já se começou a falar de cinquenta e dois domingos ao ano, demonstra da maneira mais clara o que o quarto memorando reserva aos trabalhadores, aos aposentados e aos desempregados. A coalizão governamental aplica os planos de exploração mais extrema dos trabalhadores pelo grande Capital. Já as chamadas “linhas vermelhas” são umas narrações cômicas com consequências trágicas para o povo trabalhador. Os aposentados e os desempregados estão novamente no ponto de mira, já que cortam as pensões principais e suplementares, enquanto que o limite do ganho máximo isento de impostos constitui o índice emblemático da indigência em curso. Concretamente, a aprovação do quarto memorando prevê a redução do limite isento de impostos aos 5.681 euros, a redução do subsídio por desemprego e do subsídio de calefação, a ajuda familiar, os subsídios aos afetados por desastres naturais, os subsídios de pobreza, mais demissões no setor público, assim como a abolição do domingo como dia festivo. Também, dão aos supermercados o direito de vender medicamentos, prevê a liberalização das demissões massivas, a abolição dos convênios coletivos e do direito ao desconto por apresentar recibos de gastos médicos, a abolição do direito das mulheres viúvas de cobrar a pensão de seu esposo falecido, e a supressão com vários truques buroc ráticos de muitos desempregados dos arquivos do Instituto Nacional de Emprego. Um dos objetivos do anteriormente citado é dar a sensação falsa da redução da taxa de desemprego. Isto demonstra com que facilidade são confeccionadas as cifras e qual é seu verdadeiro valor.
Também, o governo da “Esquerda”, que andava dizendo que iria prevalecer a “legalidade democrática” no país, ao mesmo tempo que denunciava que os memorandos anteriores estavam contra a Constituição, segue a política de seus predecessores direitistas, e não só impõe a via única da exploração e a opressão, senão também aprova umas novas medidas cujas consequências continuarão sendo notadas depois de seu mandato. Estas medidas vem a somar-se à longa lista das medidas impostas aos oprimidos, piorando as condições de sobrevivência dos de baixo, servindo os que vão votar como uns servos aos interesses do sistema capitalista, do qual constituem uma parte integrante. O novo Medievo é chamado de novo “desenvolvimento” e “modernização” na “nova linguagem” do totalitarismo moderno. Estamos entrando em um período de muitas mudanças em vários níveis. Este período deve começar com a massificação e reforço das resistências sociais e de classe, assim que se derrubem os planos econômicos e repressivos do Estado e do Capital. Por isso, ainda que saibamos muito bem o custo econômico significativo que tem para os trabalhadores a perda de um dia de trabalho, consideramos que já é hora de que os explorados e os oprimidos saiam de novo de maneira combativa às ruas. O dinheiro perdido da jornada de trabalho de 17 de maio não será perdido, se conseguirmos reestruturar as resistências de classe, impedir a realização dos planos do governo, do Estado e do Capital, e organizar a defesa e o contra-ataque social.
Nestas condições de imposição da indigência, nos enfrentamos com tudo o que foi criado pelas políticas de gestão soberanas. São umas políticas que favorecem os patrões de todo tipo e a suas vanguardas. São umas políticas que põem no ponto de mira os lutadores e regiões inteiras, tratando de criar a imagem de umas zonas-gueto. São umas políticas que favorecem intencionadamente os interesses empresariais e outros, já que se trata da substituição a todo custo da formação de alianças com mafiosos, depois do fracasso da restrição no outorgamento de licenças televisivas, e a aliança com Melissanidis e o apartheid social que tenta estabel ecer no bairro da nova Filadélfia, assim como os ataques ao bairro de Exarchia e contra as lutas do movimento anarquista (neste bairro se conseguiu a recuperação do espaço público por seus habitantes, mediante uma luta organizada e consequente contra a máfia), assim como a elevação dos fascistas ao rol de aliado político, através das presenças públicas comuns e a política do governo, que intensificando a miséria dentro da trama social, dão às escórias fascistas a oportunidade de emergir. Não é difícil entender que, como está esgotado o discurso do Syriza “contra os memorandos”, e este partido está esforçando-se para ficar no Poder, se dirige aos partidários da “legalidade”, enquanto que ao mesmo tempo se volta de maneira combativa contra o inimigo interno, que segue sendo sempre o mesmo : Os anarquistas, os okupantes, os que se solidarizam com os perseguidos e com os que lutam contra os planos da Soberania.
Ao mesmo tempo, à nível social trata de desorientar as pessoas das políticas de indigência que aplica, e de reprimir as resistências sociais. Desencadeando a repressão estatal, sua orientação política tenta, por um lado, criar um público e umas alianças políticas reunidas em torno ao dogma da pacificação social e a segurança, e por outro lado, tenta anular a criação de movimentos sociais capazes de derrocar a situação atual, criando rupturas no Estado totalitário moderno e no Capital. Ataca okupas e estruturas do movimento, detêm antifascistas, conduz os imigrantes ao estado da invisibilidade e da inexistência, põe no ponto de mira trabalhadores lutadores , como os trabalhadores dos meios de transporte coletivos que estão travando uma luta social combativa, enquanto que ao mesmo tempo sela a via única da indigência e da pobreza dos estratos sociais plebeus, votando as novas medidas. E como o futuro que nos reserva é lúgubre e sombrio, nós como anarquistas e como segmento da parte mais afetada da classe trabalhadora, não temos mais remédio que lutar sem retroceder, sem mediadores e desde baixo, contra as novas medidas, contra os patrões, contra os fascistas, contra a ofensiva dos meios de desinformação, contra todo tipo de máfias que contribuem para a agudização do canibalismo social, contra o Estado e o Capital. Devemos preparar-nos para o enfrentamento por todos as frentes com os governos esquerdistas ou direitistas, devemos formar resistências, cultivar os conceitos da solidariedade de classe e da auto-organizaç&ati lde;o social, da formação política anti-hierárquica sem instituições e partidos, ainda que se trate das organizações e partidos da esquerda extra-parlamentar, os quais simplesmente são outra face da política do Syriza.
Neste novo período devemos atuar sobre a base da massificação e o reforço das resistências sociais e de classe, para que assim se anulem (se derrotem) os planos econômicos e repressivos do Estado e do Capital. Já é tempo de voltar às batalhas, uma após a outra, tendo, no entanto, um plano unitário de auto-organização social. Há que deixar claro que estas batalhas concernem a amplos segmentos dos de baixo. Jovens, trabalhadores, desempregados, estudantes, aposentados, devem lutar sem retroceder e sem mediadores, para anular na prática leis velhas e novas que hipotecam o presente e o futuro. O movimento anarquista organizado, como a única força que pode, quer e sabe formar resistências e mo vimentos sem mediadores e líderes (cuja única tarefa é traí-los na primeira oportunidade), deverá lutar de maneira combativa, sendo consequente e pondo metas que possam inspirar os oprimidos, assim que se cultive ainda mais o conceito da auto-organização social, da formação política sem hierarquias, e que aumente o rechaço das propostas institucionais e parlamentares.
O próximo período será crucial, terá que se ganhar terreno, já que a crise estará avançando e criando mais pontos mortos para os oprimidos. Durante este período o dilema “Barbárie estatal e capitalista, fascistização e guerra, ou revolução social” estará se colocando cada vez más. Enquanto a crise vai avançando, nós estaremos propondo e estaremos lutando pela revolução social, a anarquia e o comunismo libertário contra a barbárie estatal e capitalista, a fascistização e a guerra.
Marcha de solidariedade e apoio à luta dos trabalhadores de Viomijanikí Metaleftikí, quinta-feira,11 de maio de 2017, às 18h, em Kamara.
Greve contra a votação do quarto memorando, no dia da greve geral, quarta-feira, 17 de maio de 2017, às 10h, em Kamara.
Coletividade pelo anarquismo social “Negro e Vermelho”, membro da “Organização Política Anarquista – Federação de Coletividades”
O texto em grego:
O texto em castelhano:
http://verba-volant.info/es/tesalonica-llamamiento-a-movilizaciones-contra-el-cuarto-memorandum/
Tradução > Sol de Abril
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