Por José Ardillo
“É possível ser comunista e ter um iPhone”, declarou recentemente à imprensa o secretário da “Esquerda Unida”, Alberto Garzón, no meio de sua campanha de propaganda, neste ano que se completa cem anos da revolução russa. E concluía dizendo: “O marxismo não é a chave que abre todas as portas, mas uma luz que nos permite entender melhor a realidade”. Mas, sem dúvidas, Garzón se equivocou em relação ao seu enunciado, pois o que queria dizer é que somente tendo um iPhone se pode ser comunista e, desde logo, para entender isso não nos bastaria ler Marx e sim este excelente livro “La raíz es el hombre” (A raiz é o homem), traduzido e editado por El Salmón. Uma boa iniciativa qu e coincide com o resgate que se faz hoje na França, desgraçadamente sempre em um setor minoritário, do legado deste original e radical pensador.
A publicação em 1946 do livro de MacDonald significou um decisivo golpe em todos os dogmas caducos do historicismo e mecanicismo marxista e uma abertura saudável do pensamento libertário e verdadeiramente radical que havia frequentemente ocorrido em autores tão díspares como Orwell, Weil, Goldman, Camus, Reich ou Silone durante a segunda guerra mundial. Como nos diz a introdução realizada pelo tradutor e editor: “Escrito em 1946, A raiz do homem antecipou muito dos temas fundamentais da Nova Esquerda dos anos 60: a crítica contra a burocracia, a tecnologia ou o totalitarismo soviético.” Em efeito, comparável a um livro como Caminhos da Uto pia, de Martin Buber, publicado na mesma época, MacDonald realiza um elegante ajuste de contas com o culto ao determinismo histórico da doutrina marxista, assim co mo com sua crença no progresso tecnológico implícito em sua teoria da transformação social. De forma simples e clara, MacDonald desmonta essa crença cega dos marxistas e esquerdistas em geral no milagroso desenvolvimento do processo histórico até a emancipação da classe trabalhadora. Frente a isso, nos recomenda a seguir as pistas deixadas pelo pensamento anarquista mais genuíno, aquele que colocava e ainda põe sua ênfase no que o indivíduo pode chegar a fazer a partir de sua vontade e responsabilidade. MacDonald nos diz que mais de um século de positivismo marxista confundiu nossas expectativas fazendo-nos crer que a esfera dos valores éticos era um aspecto superficial, sendo o sistema e as relações de produção os verdadeiros suportes da vida social e sua razão última. Mas, justamente, a deriva catastrófica e ditator ial da União Soviética nos indica que nos esquecemos de algo muito importante no meio do caminho. Com sugere MacDonald, nem a ciência, nem a tecnologia, nem a indústria podem dar respostas decisivas a pergunta de “como queremos viver?”, ou “o que seria uma boa vida?”. Os marxistas e os liberais pensaram que o desenvolvimento das forças produtivas acabariam por retirar sentido de coisas tão insignificantes…
Para MacDonald já se passou o tempo das grandes estratégias de massas, tão queridas pelos marxistas. É o momento de se retrair dentro de si para recuperar as razões de viver e saber porque e para que se luta. Recuperar uma dimensão humana e mais próxima da ação não significa renunciar a própria ação, mas apenas se separar da corrente frenética em que se move a sociedade industrial. Isso significa ser radical, desconfiar do dogma do Progresso, questionar a cultura de massas, reconquistar a capacidade de dizer NÃO a tudo aquilo que pretende nos envelhecer. O radicalismo de MacDonald chama a insubmissão contra o Estado, mas um tipo de insubmissão inteligente e sensível: a da pessoa consci ente que renuncia a utilizar as armas e métodos do Estado (violência, burocratiz ação, propaganda) para, justamente, proteger os valores que nos motivam a seguir vivendo e resistindo.
Con un prólogo de Czeslaw Milosz e uma cuidada tradução e apresentação, as edições do El Salmón nos brindam hoje com um material de reflexão indispensável.
La raíz es el hombre. Radicales contra progresistas
Dwight MacDonald.
Prólogo de Czeslaw Milosz
Ediciones El Salmón, 2017
250 págs. Rústica 20×14 cm
ISBN 9788494321771
Fonte: http://www.lamalatesta.net/culturalibertaria/?p=207
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
O grito do grilo
serra ao meio
a manhã.
Yeda Prates Bernis
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…