Texto publicado no site toperiodiko.gr.
A Fiscalização do Trabalho realizou 103 inspeções em várias lojas da rede de cafeterias Mikel em todo o país e detectou 53 infrações laborais (três relacionadas a trabalho clandestino, 35 nas quais os postos de trabalho não correspondiam a segurança social do trabalhador, e outras 15 sobre várias cláusulas da legislação laboral), impondo as relativas sanções.
Os casos de arbitrariedade pela patronal são numerosos e escondidos muito frequentemente. As multas e reclamos contra esta rede (que já perdura alguns tantos dias) não desanimou em nada os proprietários da empresa, a qual, obviamente, não lhe importa o custo das multas, dado que seus benefícios as superam. Parece que nenhum consumidor dessa rede está interessado em seu passado obscuro, seja por não conhecer a situação (quase nunca saiu nos grandes canais de TV alguma reportagem sobre o tema, e acreditamos que esse fei to não é fortuito), ou optam por fazer vista grossa, supondo que isso não lhes diz respeito diretamente.
Todavia, deveria lhe interessar essa questão, pois poderia ser um amigo, filho ou irmão seu o trabalhador de 22 anos que faleceu em 9 de março de 2017 depois de sofrer um acidente e estar hospitalizado por sete dias. Segundo os sindicatos, o acidente foi devido a intensificação excessiva do trabalho e a insuportável pressão que recebem os trabalhadores na referida rede.
Vários casos de abusos por parte da patronal de tal rede já se fizeram públicos no passado. Por exemplo, no início de 2015 a Mikel despediu uma trabalhadora da loja do bairro de Álimos, por se opor a política ante-trabalhadora da empresa e por reivindicar o óbvio, ou seja, que respeitassem as condições do contrato que haviam firmado ela e seus companheiros de trabalho.
Antes desse caso, já haviam ocorrido outras denúncias de trabalhadores da rede, concretamente em Lárisa e em Drama. As denúncias concerniam ao caso de trabalhadores que não haviam cobrado o dinheiro de seus salários, nem o adicional de horas extras trabalhadas (trabalho noturno, aos domingos e em dias festivos), nem as férias, além de existir casos de trabalhadores que laboram sem seguridade social.
Antes das denúncias, em 2014 o jornal Rizospastis escreveu que a empresa obrigava os trabalhadores a firmar contratos que, entre outras coisas, os proibia de trabalhar ao mesmo tempo em outra empresa do mesmo setor. É provável que essa proibição seja válida para o ano posterior ao fim do contrato. A multa de cada uma das “infrações” descritas no contrato é de dez mil euros.
Na ocasião a cínica resposta da Mikel foi a seguinte: “Esta cláusula é válida desde a assinatura do contrato. As condições dela dizem respeito ao uso do Know-How durante um ano. No caso de obreiros que trabalharam em empresas competitivas, não recorremos ao judiciário contra eles. A empresa funciona no sistema de franquia e seus colaboradores investem Know-How que não pode ser usado por qualquer pessoa”. Assim, depois disso, se deduz que a notícia é verdadeira.
Tudo isso, no entanto, é um “detalhe”, porque segundo a revista Forbes a Mikel é a maior competidora da Starbucks fora da Grécia. Em Dubai a empresa já possui sete lojas e está organizando o funcionamento de outras treze no país, possuindo planos de abrir lojas em outros países do Golfo.
É lógico que essa é uma empresa-protótipo dentro do conceito da competitividade, do desenvolvimento das empresas gregas que funcionam com sucesso no exterior e criam novos postos de trabalho. Isso é o que nos andam constantemente dizendo. Porém, detrás do “sucesso” se encontra o esgotamento, a exploração, a humilhação, o terrorismo da patronal e até o sangue dos trabalhadores.
O texto em grego:
O texto em castelhano:
http://verba-volant.info/es/el-precio-del-lucro-de-mikel-son-vidas-humanas/
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!