O Tribunal Central de Instrução nº 3 da Audiência Nacional emitiu hoje (30/05) um auto em virtude do qual decreta a suspensão provisória e arquivo das atuações iniciadas faz algo mais de um ano no marco da denominada Operação Pandora I.
A juíza Carmen Lamela, titular do tribunal nº 3 da Audiência Nacional, decidiu em um auto suspender e arquivar o processo contra as 11 pessoas que estavam imputadas por um delito de terrorismo, acusados de pertencer aos chamados “GAC” (Grupos Anarquistas Coordenados).
Este arquivamento se soma à anterior suspensão da segunda parte desta operação policial, pela qual estavam também acusadas 9 pessoas e que foi arquivada em junho do ano passado.
No auto, afirma que “Até agora, e pese ao tempo transcorrido, quase três anos, pese aos diversos e sucessivos telefones interditados e os informes de todo tipo que foram obtidos, o único resultado obtido pelos investigadores é a comprovação de que os investigados se relacionam com pessoas do coletivo anarquista, alguns deles com antecedentes penais, assim como com pessoas que foram condenadas por seu pertencimento aos GAC. Nos sucessivos ofícios se limitaram a informar sobre suas reuniões, viagens e visitas a centros penitenciários.”
Ademais, continua o auto, “trata-se, insisto, de afirmações genéricas que nenhuma base objetiva encontram no conteúdo das conversações cuja transcrição se foi facilitando.” Também faz referência a vários componentes eletrônicos interditados aos imputados, e afirma que “nos únicos quatro componentes que puderam ser decodificados por parte do Centro Criptológico Nacional, segundo informam os próprios investigadores, não se extraiu informação relevante para o processo”.
Assim, a juíza expõe que “Não se adverte definitivamente nenhum avanço substancial que permita continuar com a investigação, já que, pese ao tempo transcorrido não se averiguaram fatos novos que possam ser estimados como indícios suficientes que sustente a suspeita policial de que tais pessoas possam estar realizando determinadas atividades no seio de movimentos anarquistas ou grupos terroristas. Tampouco foram manifestados pelo Ministério Fiscal.”
Desta forma, a magistrada acorda a suspensão e arquivamento do processo, e dá um prazo de três dias às partes para recorrer desta decisão. Também acorda deixar sem efeito as medidas preventivas adotadas contra os acusados.
Desta forma, sempre e quando a decisão não seja recorrida, se põe fim às duas operações policiais que sob o nome de Operação Pandora I e II se realizaram em dezembro de 2014 e outubro de 2015. Já no auto de suspensão da segunda parte desta incursão policial, a juíza criticou os Mossos [polícia catalã] por não haver fornecido prova alguma que relacionasse os acusados com os grupos aos quais lhes atribuíam pertencimento, e isso após a onda de registros de locais libertários e de detenções realizadas. Naquele auto, a magistrada censurava que “o único resultado obtido pelos investigadores é a comprovação de que os investigados se relacionam com pessoas do coletivo anarquista”. Quer dizer, que só se pr eocuparam de documentar seu pertencimento ao mundo libertário.
Cabe recordar, que estas operações se puseram em marcha com a detenção de cinco pessoas acusadas de pôr uma bomba contra a basílica do Pilar, ainda que vinham de investigações anteriores que se remontavam a 2012. Após essas detenções viriam a Operação Pandora I (16 de Dezembro 2014), Piñata (30 de março de 2015), “Pandora II” (28 de outubro de 2015) e “Ice” (4 de novembro de 2015). Cinco operações policiais baseadas na acusação de organização terrorista contra uma coordenadora, Grupos Anarquistas Coordenados, denominada “GAC” pela imprensa e polícia, que deram para 69 detenções, com acusados que foram à prisão preventiva, condenações de cárcere, embargos das contas b ancárias para arrecadar dinheiro solidário com o.as detido.as e até tentar fichar a um dos processados como colaborador policial (caso Quim Gimeno) ou tentar associar a uma companhia de Fantoches com os “GAC” e o livro “Contra la democracia” ao criticar precisamente dita companhia a repressão contra o entorno anarquista (caso titiriteros).
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!