Escrevo estas rápidas linhas para informar os meus atuais dias…
Ultimamente tem havido tensões na área de segregação, conflitos internos e luta por tudo e as vezes por nada.
Ainda que no fim do dia não se deve temer o conflito, depois de tudo que somos forçados a viver, e através das divergências que surgem gradualmente aprendemos a nos tolerar nesta ilha.
Sendo separados do resto da população é difícil conseguir as coisas e comida… dificilmente a comida chega e nós temos de nos amotinar para ter à alimentação.
Isso acontece todos os dias, é uma luta silenciosa e diária sendo travada sem que ninguém preste atenção; os guardas são comerciantes qualificados que extinguem os levantes em um piscar de olhos e uma das coisas que contribuem para que tudo isso seja um círculo vicioso é a dependência de drogas pela maioria dos castigados. Isso permite que os carcereiros chantageiem prisioneiros com recompensas e punições: se você se comportar bem abrem a cela e você pode ganhar dinheiro e drogas, se você se comportar ma l você fica em confinamento e não usará drogas, é simples assim o sistema de disciplina.
E como se abandona a ideia de atacar e lutar contra a autoridade, o desinteresse diário é descarregado pelos presos em uma luta de todos contra todos.
Mesmo assim, eu aprendo com as experiências diárias que surgem.
Se eu não tenho escrito ultimamente para “fora” destas paredes é porque propus como um exercício de aprendizagem analisar e tentar transformar meus relacionamentos diários e agora que eu tenho pensado muito sobre meus comportamentos sociais gostaria de compartilhar meus aprendizados. E é por essa razão que informo que a quinta edição do jornal “El Canero” está quase pronto. E é através dele que posso explicar melhor as minhas ideias e propostas para continuar a ofensiva na luta para nos reapropriar de nossas vidas.
Em termos gerais, estou atualmente com muita vontade para continuar a promover e inventar novas maneiras de quebrar com os meus próprios dogmas, medos e preconceitos.
Mas temos também o aspecto legal, sendo certo que recebi um aviso com a cobrança da multa que me foi imposta junto com a sentença, dando conta que devo pagar o valor de $ 35,550 pesos dentro de duas semanas, que é quando expira o prazo.
Esta multa deve ser paga de imediato ou de outra forma teria que pagar com o tempo de 550 dias de prisão, que seria independente dos 6 anos da minha sentença…
Enfim, é o que aconteceu, de qualquer forma voltarei a escrever nos próximos dias esperando que haja ânimos rebeldes.
Fernando Bárcenas
Domingo, 4 junho de 2017
NOTA: Para suportar o pagamento da multa desde a Cidade do México você pode depositar na conta 89641305400980, do Banco Azteca em nome de Ana Castillo (Mãe de Fernando).
Para apoios de fora podem escrever para cna.mex@gmail.com
abajolosmuros.org
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!