Por Megan Specia – 12 de julho, 2017
Robert Grodt era médico voluntário nos protestos do Occupy Wall Street em 2011, quando puxou Kaylee Dedrick, que havia acabado de levar spray de pimenta no rosto, para fora da multidão para tratá-la.
O casal rapidamente se deu bem, e quando o vídeo de Dedrick sendo atingida pelo spray no rosto capturou a atenção mundial, os holofotes se voltaram para o romance que surgia entre eles. Eles receberam atenção da mídia novamente no ano seguinte, quando tiveram uma filha – rapidamente nomeada de “Occubaby” – porque foi concebida no acampamento de protesto no Zuccotti Park de Manhattan, onde o casal estava acampado.
Mas então ele tomou uma perigosa decisão que muitos jovens ocidentais tomaram – se unir à milícia curda lutando na Guerra Síria.
Na segunda-feira, lutadores curdos anunciaram que Grodt morreu nos arredores de Raqqa, na Síria.
Grodt, 28 anos, não tinha treinamento militar ou conexões prévias na Síria. Mas se encontrou na linha de frente de um dos mais perigosos conflitos do mundo.
“Rob sentiu força o suficiente para estar disposto a arriscar e por fim dar sua vida”, disse Ronald L. Kuby, um advogado de direito civil que conheceu Grodt e Dedrick no protesto Occupy. “Foi uma visão poderosa”.
A família de Grodt recebeu a notícia de sua morte pelo Departamento de Estado na sexta-feira, disse sua mãe, Tammy Grodt, mas existem poucos detalhes sobre as circunstâncias de sua morte.
O que eles tem são dois vídeos com a presença de Grodt, postados pela milícia curda a que se juntou, às Unidades de Proteção do Povo, conhecida como YPG. Um clip postado em junho detalha suas razões para entrar para o grupo; o segundo foi lançado na terça-feira, quando às YPG anunciou que ele foi morto.
No vídeo, Grodt diz que se juntou a milícia porque estava comprometido com o movimento de independência curda. Curdos, parte de um grupo étnico sem estado, tem lutado por autonomia na região por décadas.
“Minha razão para me unir às YPG foi ajudar o povo curdo em sua luta por autonomia”, diz Grodt. Ele também diz que quer combater o ISIS [Estado Islâmico].
Às YPG se tornaram um dos principais jogadores no conflito sírio, constituindo a maior parte das forças terrestres da coalizão lutando contra o Estado Islâmico em partes do país. Embora a coalizão seja apoiada pelos Estados Unidos, muitas das lideranças das YPG tem raízes no partido dos Trabalhadores do Curdistão, ou PKK, que está na lista de organizações terroristas estrangeiras do Departamento de Estado.
A coalizão se aproximou da fortaleza estatal islâmica de Raqqa nas últimas semanas, tentando arrancar a cidade do grupo extremista.
A mãe de Grodt disse que vê a decisão de seu filho de se juntar à milícia como uma extensão de uma vida dedicada a lutar pelo que ele via como uma causa nobre, e uma tendência a lutar pelos oprimidos.
Ela lembrou de quando ele disse a ela que ia de carona pelos Estados Unidos saindo de sua casa na Califórnia para se juntar ao protesto Occupy Wall Street em Nova York.
“Foi difícil deixar ele ir”, ela disse. “Eu não era contra isso, mas disse a ele, ‘Você é um aventureiro mais corajoso do que eu.’ Ele foi médico para o movimento, então não era só estar lá para causar distúrbios. Ele estava lá para as soluções.”
Ela disse que na Síria, ele esperava ser parte da reconstrução de áreas destruídas durante a batalha, e queria aumentar a conscientização para a causa curda.
A irmã de Grodt, Meghann Conforti, disse que ele explicou a ela que ia para a linha de frente, informação que ele inicialmente guardou de sua mãe.
Depois que Grodt deixou os Estados Unidos, manteve contato esporádico com sua família por Facebook e Skype, e frequentemente falava com Dedrick e sua filha.
No mesmo dia em que anunciou a morte de Grodt, às YPG anunciou a morte de dois outros lutadores estrangeiros: Nicholas Alan Warden, americano, e um cidadão inglês, Luke Rutter.
A senhora Grodt disse que a última vez que falou com seu filho foi em maio. A recente intensificação das lutas na região tornou mais difícil para ele estar em contato, disse ela.
O clip dá uma mensagem final para sua família.
“Apenas saibam que amo todos vocês, e há muito que não é falado”, disse Grodt, antes de citar diretamente sua filha de 4 anos, Teagan. “Para minha filha, sinto muito por não estar aí”.
Tradução > Imprensa Marginal
Fonte: https://www.nytimes.com/2017/07/12/world/middleeast/occupy-protester-robert-grodt-dies-in-syria.html
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!