Queridos amigos,
Estou escrevendo para informar um pouco sobre a minha situação atual. Depois de ser levado para o módulo de segurança máxima onde me encontro agora esperando a avaliação do conselho técnico interdisciplinar para determinar a minha localização. Anteriormente colocaram-me nesta área argumentado sobre a minha segurança, embora, na realidade, se tratasse da segurança da instituição.
Agradeço os gestos de solidariedade dos companheiros que fizeram coisas para acabar com a segregação que foi imposta a mim por não aceitar a submissão de sonhos de liberdade e por continuar com os projetos que até agora permanecem em pé, como a biblioteca alternativa que companheiros continuam edificando no auditório da população geral e o jornal de combate anti-prisão “El Canero”, que foi descoberto pelos carcereiros na revista dos meus pertences. Vale a pena mencionar que ao ser levado de volta para o módulo (MMS) me advertiram que poderiam me matar pelo que eu digo e parasse de publicar o jornal, que certamente não agradou muito o pessoal de segurança. Também é importante mencionar que continua em processo de petição o benefício penitenciário que sob o próprio direito interpus para reduzir a pena na prisão e assim poder extingui-la em “liberdade”, quanto a isso devo dizer que não reconheço as ferramentas legais do Estado. No entanto, a minha situação se tornou complicada na prisão e minha integridade está em risco, então procuro alguma maneira de recuperar a tranquilidade.
Por isso faço um chamado a todos os companheiros afins e solidários para pressionar por esta resolução, que é de extrema importância para a minha segurança.
Gostaria também de apelar para não deixar de lado as coisas, não agir apenas quando algo grave acontece, não devemos baixar a guarda, devemos permanecer sempre alertas, pois na prisão o tempo corre de forma diferente. A vida de um preso não se conta por anos, mas por horas, minutos, segundos…
Isto é um grito aberto à reflexão sobre a solidariedade revolucionária que nestes dias está fazendo muita falta.
A continuidade desta guerra declarada contra todos e cada um de nós deve passar por assumir que a cadeia está em todas as partes, que podemos assumir o risco de viver e sentir ou perder no transcorrer cotidiano dos dias sem vida, sem liberdade e sem sentido. E por isso seguimos em guerra, até que todos sejamos livres.
25 de julho de 2017
Fernando Bárcenas
Nota: Em 26 de julho o companheiro foi levado para a área populacional, graças a pressão e mobilização de indivíduos e coletividades de apoio.
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