MariMari pu Lamien, ka pu Peñi
MariMari Monku ta Che, Apuen Itrocom Tañi Che
Ca Pu Hueney:
Para todas as mulheres e homens Mapuche
Para todo o meu povo Mapuche
Para os amigos e simpatizantes:
Desde a prisão política, arbitrária, ilegítima e abusiva, duas vezes sujeito ao mesmo processo, perseguido por dois Estados, colonialistas e capitalistas, gostaria de comunicar:
Assumindo minha condição íntegra, digna e plena de Lonko e Weichafe da Nação Mapuche, reafirmando a linha política filosófica do Movimento Mapuche Autônomo do Puel Mapu (M.A.P), das comunidades em resistência do departamento de Cushamen, comunidades em resistência da Comarca, entre tantas outras; e orgulhoso de acionar a RAM e toda a nossa gente consciente e outros povos simpatizantes.
Comunico que por OITO dias eu estou em Greve de Fome, que comecei com um peso de 76k.500gr, que diminuiu 4k.500gr, tomando esta decisão por ter esgotado todas as maneiras de superar tão óbvia injustiça, chamando aberta e explicitamente para a Rebelião de todos os nossos povos através da Direção Estratégica da Vanguarda de Weichafes Organizados a partir de Kuifirakizuam e AZ Mapu.
Todas as formas de luta são válidas e, ademais, urgentes. Tanto ultraje, saque, marginalidade e violência opressiva não podem mais ser tolerados. Com a prisão e a repressão tentam semear o medo em nosso povo, não devemos cair na armadilha de sua violência, temos de responder com autodefesa, como valentes, não como covardes ou traidores.
Eles querem silenciar-nos, para permanecermos submissos ao jogo de trapaça da burocracia e da legalidade burguesa falsa e hipócrita, as leis que não hesitam em violar quando o rico ordena, esquecendo os Juízes do Estado de Direito, tornando-se sequestradores, e lacaios de proprietários de terras e empresários; Por que a esposa de Macri não está na cadeia? Se ela é responsável por tráfico e escravidão, no século XXI; Por que Moldes está no Conselho de Magistratura? E não preso por tráfico de drogas, fascista e pró-golpista? Por que não há prisioneiros da polícia na tentativa de homicídio em janeiro em Pu Lof resistência Cushamen?
Se o julgamento duplo é permitido, a ilegalidade do poder formal é permitida, isto é, não só não haverá justiça para nós, mas para ninguém, eles burlam suas próprias leis, quando eles querem, assim como as ditaduras militares nos anos 70.
Porque as leis são de winka ricos para salvaguardar a sua propriedade privada e seu capital que é acumulado à custa do nosso sangue e suor, e não para administrar a justiça.
A escalada da repressão aumentou, ainda mais nos últimos tempos. Como tem sido desde a minha última detenção, que demonstra a perseguição política de todos os setores. Em Buenos Aires, 7 manifestantes que reclamavam minha liberdade foram aprisionados e espancados. Na cidade de Esquel, na marcha organizada por vizinhos e pessoas Mapuche, foram constantemente assediados pela polícia até que o ato terminou com tiros, golpes e tentativa de detenção de mulheres.
Em 27 de julho de 2017 epu zomo ca pichizomo (duas mulheres e uma menina) membros de Pu Lof em resistência, departamento de Cushamen, estavam presentes no Tribunal Federal de Esquel, a fim de dialogar com o juiz federal Guido Otranto sobre sua responsabilidade (Lei 24.767, Artigo 114) na nova detenção ilegal realizada pelo juiz federal Gustavo Villanueva no contexto do processo de extradição que estava naquele momento tramitando no Supremo Tribunal.
Eles não tiveram a menor disposição para dialogar com as lamgen, e elas também foram maltratadas por sua secretária pessoal María Silvina Salvaré que chamou a polícia para que acompanhasse a retirada do local de uma forma ameaçadora.
Manifestantes que pedem a minha liberdade em Caleta Olivia em uma assembleia e marcha são dispersos pelas forças policiais, que os impediu de passar pelo centro da cidade.
Além disso, na cidade de Bariloche, no Tribunal Federal, enquanto as autoridades de diferentes Comunidades Mapuche dialogavam com o secretário do Juiz Federal Gustavo Villanueva, para obter informações após 30 dias da minha detenção ilegal, a periferia da região foi militarizada, com a presença do COER, Polícia Aeroportuária, Gendarmeria Nacional, Polícia Federal e Polícia de Rio Negro, e sem mediar uma palavra assediaram e atiraram contra pu peñi ka pu lamien (irmãos e irmãs), ocasião na qual alguns conseguem se refugiar, e mesmo sem a polícia se preocupar com os gritos de dor das mulheres, as param, agridem, uma delas quebra dois dentes, outra recebe tiros em seu corpo, desta situação resultam seis peñi/lamgen detidos na PSA. Mais tarde, sabendo desta notícia aberrante, os irmãos de outras comunidades vêm a saber sobre a situação e três deles são obrigados a saltar para o chão, presos e transferidos para o 34º Esquadrão de Bariloche.
Vemos o assédio constante com provocações, tiroteios nas primeiras horas da madrugada para manter as pessoas em alerta, a incerteza, as ameaças contínuas no território recuperado, enquanto a companhia de Benetton, um dos maiores latifundiários da Argentina, tem as forças públicas para seu próprio benefício, com interferência nos meios de comunicação, do poder político, judiciário e econômico do país. Várias tentativas de prisão, que são despejos escondidos, resultando na destruição de rukas (moradias), sequestro de animais, ferramentas, material bibliográfico, queima de materiais de construção, vestuário, calçado, brinquedos, sementes orgânicas, abrigos, móveis, etc.
Um militante solidário com as pessoas em luta, SANTIAGO MALDONADO, que estava no Pu Lof, é um daqueles que correm entre as balas tentando se proteger, mas é atingido, brutalmente espancado e detido pela Gendarmeria Nacional, e desde esse 1º de agosto o Estado é responsável por dar uma resposta de seu paradeiro. Qualquer peñi ou lamien que se encontrem resistindo poderia ter sido Santiago. A caça aos Mapuches já começou. A partir desse momento, o território permanece fortemente militarizado pela mesma Gendarmeria que desapareceu com Santiago.
A partir desta perspectiva, a única via é a Rebelião, para restaurar os direitos humanos de todos os despossuídos, e para enfrentar a extrema-direita desumana, envolvida e à serviço do imperialismo e do capital.
São diretamente responsáveis pela perpetuação desses conflitos os Juízes, Promotores, Governadores Provinciais e o Governo do Ranco, no Chile, a Justiça Chilena deve reconhecer a natureza política da questão e que por isso estão me julgando lá, assim como são responsáveis os Ministros de Segurança e Presidentes.
Sim, reconheço os Estados como coloniais, genocidas, capitalistas, e lambe botas dos gringos. Todos os Mapuches fazem parte da Resistência Ancestral porque, como nossos antepassados, resistimos até morrer como um Povo Ancestral que somos.
APARIÇÃO COM VIDA DE SANTIAGO MALDONADO, Sequestrado pela Gendarmeria.
Lonko Facundo Jones Huala
Esquel, Chubut, Puelmapu, 7 de Agosto de 2017.
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!