Marimari! A seguir, informações sobre o caso Santiago Maldonado que chegaram esta noite (09/08 – 22h15) desde Esquel, Chubut.
Cortiñas recebeu testemunhos de Mapuche que asseguram que Santiago Maldonado foi detido pela Gendarmeria
A presidenta de “Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora”, Nora Cortiñas, visitou esta quarta-feira a comunidade Lof Resistência Cushamen, em Chubut, onde seus integrantes lhe mostraram o lugar e o modo em que segundo denunciaram, efetivos da Gendarmeria detiveram e subiram a um veículo ao jovem Santiago Maldonado em primeiro de agosto, desde quando está desaparecido.
Junto a Cortiñas percorreram o prédio Roberto Cipriano e Sandra Raggio, da “Comisión de la Memoria” da província de Buenos Aires, que apresentaram um habeas corpus pouco depois da desaparição, além de Télam [agência de notícias] e meios de imprensa locais.
Os mapuches – a maioria com seus rostos cobertos – descreveram o operativo da Gendarmeria desse dia, no qual acusaram a força de queimar-lhes uma casa e diversos elementos, fazer disparos de balas de borracha e de chumbo, e sequestrar Maldonado.
Indicaram que esse fato ocorreu pela manhã à altura do primeiro acesso à comunidade, em uma borda que baixa ao rio Chubut, em um setor no qual a costa está muito fechada por árvores e ramas, por onde escaparam os homens para não serem detidos.
Indicaram que todos conseguiram cruzar o rio e correr pela estepe, menos Maldonado, que ao ver a cena pegou sua mochila de um posto da entrada e correu atrás dos mapuches, mas não se atreveu a cruzar o caudaloso curso de água e se escondeu entre as ramas.
Acrescentaram que os gendarmes o descobriram e o arrastaram acima da borda, onde o pegaram e o subiram a um unimog [caminhão off-road], o que três deles conseguiram ver desde a costa oposta, com boa visão.
Logo assinalaram que o veículo saiu à rota nacional 40 para transitar uns dois quilômetros ao norte, onde está a segunda entrada ao Lof, para transferir Maldonado a uma camionete oficial da força, cena que taparam com uma dupla fila de gendarmes, que se foi do lugar rumo a Esquel, até o sul.
Segundo este relato, desmentido pelo juiz federal Guido Otranto, que ordenou o operativo, no dia seguinte chegou a polícia de Chubut com um cachorro rastreador, que marcou “exatamente” o caminho percorrido pelos gendarmes e Maldonado, entre o rio e a parte alta da borda, e detectou uma viseira e um “cachecol” que pertenciam, como o confirmaram ao irmão da vítima, Sergio.
“Os senhores devem agregar estes testemunhos, são muito valiosos, e Otranto deve constituir-se no lugar para levar a sério a investigação, porque até agora olhou para o outro lado”, afirmou Cortiñas, que também questionou o trabalho da promotora Silvina Ávila.
A dirigente insistiu na sugestão ante as dúvidas dos mapuches, que expressaram não confiar na justiça nem nas forças de segurança: “quantas testemunhas desapareceram ou morreram? Que garantia há se a comunidade decide apresentar estes testemunhos?”, expressou um deles.
Cortiñas lhes explicou que as entidades geraram uma rede de comunicação nacional e internacional para denunciar o “desaparecimento forçado” de Maldonado, o que “dará todas as garantias que se necessitam”.
Cipriano agregou que tentam que se retire a Gendarmeria do lugar, presente com um coletivo, dois móveis e mais de 15 gendarmes, cuja presença “resulta intimidante e dissuade aos que poderiam prestar seu testemunho, além de obstaculizar a investigação”.
Sergio Maldonado e sua esposa Sandra Antico também viajaram hoje a Esquel para acompanhar as gestões dos dirigentes ante autoridades judiciais, e anteciparam a Télam que irão amanhã à comunidade.
Por sua parte Cortiñas e Cipriano tem previsto esta quinta-feira ir ao cárcere federal de Esquel para visitar a Facundo Jones Huala, lonko (autoridade máxima) do Lof en Resistência do Departamento de Cushamen.
Tradução > Sol de Abril
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