Um confronto entre supremacistas brancos e antifascistas deixou ao menos um morto e dezenas de feridos em Charlottesville, uma cidade universitária de 47 mil habitantes no Estado da Virgínia. A situação ocorrida neste sábado (12/08) foi desencadeada após à realização da maior manifestação de extrema-direita dos últimos anos nos EUA.
A situação mais grave do confronto aconteceu quando um carro acelerou contra uma multidão de manifestantes antifascistas. Uma mulher de 32 anos morreu no atropelamento. Outras 19 pessoas ficaram feridas – cinco estão em estado crítico. O motorista foi preso. Um jovem de 20 anos de Ohio, identificado como James Alex Fields. Foi um crime “premeditado, motivado por discriminação racial”, segundo autoridades locais.
A manifestação deste sábado havia sido convocada por grupos supremacistas brancos, nazis, membros da Ku Klux Klan, ativistas da alt-right e demais grupos da extrema-direita norte-americana para protestar contra a decisão do governo local de remover de um parque municipal a estátua de Robert E. Lee (1807-1870), um general confederado, que os extremistas de direita reivindicam como um símbolo histórico do poder branco sulista. O evento foi nomeado como “Unir a Direita”.
Segundo o “Southern Poverty Law Center”, uma organização que investiga crimes de ódio e racismo desde os anos de 1960, a maior organização nazi dos EUA participou nesta manifestação, o Movimento Nacional Socialista. O objetivo, diziam numa convocatória no Facebook, é “unir a direita contra o avanço do comunismo totalitário, protestar contra as políticas de imigração dos EUA e da Europa e afirmar o direito dos sulistas e dos brancos de organizarem os seus interesses como qualquer outro grupo pode fazer, sem serem perseguidos”.
Na noite anterior (11/08), como uma espécie de prévia, aproximadamente mil neonazistas marcharam à luz de tochas, de um parque até o campus da Universidade da Virgínia, com roupas militares, carregando escudos e armas de grosso calibre, e fazendo saudações nazistas enquanto entoavam palavras de ordem contra imigrantes, negros, homossexuais e judeus. Homens e mulheres diziam, por exemplo, “sangue e solo”, “um povo, uma nação, acabem com a imigração”, “vocês não vão nos substituir”, fazendo referência aos imigrantes e “morte aos antifas [antifascistas]”.
Alguns estudantes negros da Universidade da Virgínia, junto com jovens antifascistas, fizeram uma “parede-humana” para tentar evitar que os manifestantes chegassem à estátua do terceiro presidente norte-americano, Thomas Jefferson, que era o ponto final da marcha.
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