A música dos Clash é o ambiente para um conto de fadas punk, na conturbada cidade de Londres do final dos anos 70.London Town já está nas salas de cinema
Os Clash gritavam London’s Burning, por cima das suas muralhas de guitarras endiabradas, e era como se, metaforicamente, a cidade realmente entrasse em ebulição, e a revolução estivesse por um fio. Nas ruas, os conflitos entre punks, skinheads, polícias, novos punks. E, no meio do alvoroço, Margareth Thatcher subia ao poder, na mais feroz deriva neoliberal. Joe Strummer aparece pintado como um super-herói dos tempos modernos. Uma voz da classe trabalhadora à beira do desespero ou, sobretudo, dos seus filhos. Este é o ambiente de London Town, o fervilhante filme de Derrick Borte, que deve ser visto bem alto.
Curiosamente, os Clash são aqui personagens secundárias (mas essenciais para a narrativa). O filme centra-se em Shay, um garoto dos arredores de Londres, que vive com o pai e a irmã mais nova, com responsabilidades de adulto. A mãe, cantora de rock, migrou para uma comuna hippie no centro da cidade, onde se dedica ao famoso tríptico “sexo, drogas e rock’n’roll”. O pai tem uma loja de pianos, mas trabalha como taxista à noite, para poder sustentar os filhos. Shay sente Londres a chamar por si.
Entre a figura mítica da mãe e a descoberta da música dos Clash, Shay vive uma aventura punk, enquanto se inventa com responsabilidades de adulto, após um grave acidente do pai. Pelo caminho, conhece mesmo Joe Strummer, apresentado como um pastor esquerdista, e adere furiosamente à sua causa. E Strummer acaba mesmo por, num sentido lato, salvar-lhe a vida.
London Town revela-se um conto de fadas neorrealista ao som de uma balada punk. O filme é apoteótico, cheio de adrenalina e ideologia. A mais bela aventura punk que nenhum fã dos Clash vai querer perder. Pouco importa se os atores não são excecionais, se Jonathan Rhys Meyers pouco se parece com Strummer ou se o argumento arredonda demasiado algumas arestas, é daquele tipo de filmes que emana energia, que torna o público tão eufórico como as personagens.
Depois disto, o que mais apetece é colocar a música dos Clash bem alto na aparelhagem e pedir desculpa aos vizinhos na manhã seguinte.
O filme idolatra a figura de Joe Strummer, como uma espécie de pastor punk, e transmite uma enorme carga de adrenalina, em parte graças à banda sonora, baseada nos primeiros álbuns dos Clash, com canções como London’s Burning, White Riot, (White Man) In Hammersmith Palais, Janie Jones ou Safe European Home.
London Town > de Derrick Borte, com Jonathan Rhys Meyers, Natascha McElhone, Tom Hughes > 92 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=N0Y57Rghwag
Fonte: http://visao.sapo.pt/actualidade/visaose7e/ver/2017-08-05-London-Town-um-conto-de-fadas-punk
agência de notícias anarquistas-ana
Os grilos cantam
Na chegada da noite
Muito felizes.
Erica Kozlowski, 08 anos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!