Na noite de sábado, dia 16 de setembro, o Departamento de Polícia do Instituo de Tecnologia da Geórgia (DPGT) assassinou Scout Schultz. Scout era um anarquista, ativista e presidente da Aliança do Orgulho do Instituto de Tecnologia da Geórgia (citado em inglês apenas como George Tech – GT). Lutava contra a abolição da polícia, pelo fim do capitalismo e pela liberdade do controle do Estado. Scout (que usava os pronomes neutros – do inglês – they/them e se definia como não-binário, bissexual e intersexual) foi um amado membro das suas comunidades, tanto no GT quanto em todo o estado de Atlanta. Alguns dizem que o assassinato de Scout foi compreensível, uma vez que carregava uma ferramenta multifuncional que se parecia com uma faca para os policiais do GT, ou porque estava andando na direção do policial, ou por tantas outras razões.
No entanto, assassinato policial nunca é justificável, assim como a existência da própria polícia enquanto instituição. De forma resumida: a polícia serve como uma força de ocupação. A polícia moderna se desenvolveu a partir de patrulhas que capturavam escravos fugidos e como força para suprimir a organização da classe trabalhadora. Enquanto instituição, a polícia nunca abandonou tal função social de manter o status quo da opressão e de aterrorizar as pessoas marginalizadas. Na noite de sábado, quando Scout foi executado, o departamento de polícia do George Tech estava fazendo o seu trabalho.
Na tarde de domingo, após Scout ser morto com um tiro no coração, flores foram colocadas no campus do George Tech próximo do local da sua morte. Já na noite de domingo, diversos cartazes foram espalhados pela cidade de luto, chamados por solidariedade e denúncias da ação da polícia.
Na noite de segunda-feira, houve uma vigília no campus para lamentar e lembrar a vida de Scout. Os organizadores tentaram encurtar o evento. Os oradores foram restritos àqueles afiliados às suas organizações, não permitindo nenhuma palavra sequer de amigos ou companheiros. Uma clara tentativa de esterilizar sua memória e de se posicionarem como aliados de Scout, ao invés de representantes da mesma estrutura de poder que Scout resistia e a mesma que, eventualmente, o matou.
Amigos e companheiros de Scout estavam inabaláveis, gritando de seus lugares em meio à multidão. Os seus gritos foram de luto e também de denúncia contra o George Tech e a sua polícia. Enquanto isso acontecia, outro grupo de pessoas de luto se reuniu com cartazes e bandeiras e começaram a cantar, antes de se iniciar em uma caminhada.
A multidão, com mais de cem pessoas, caminhou pelo campus do George Tech batucando, gritando e soltando fogos, antes de se reunir ao redor de diversos policiais e suas viaturas nas proximidades do posto de polícia do campus. A tensão aumentou à medida que a polícia reprimia as pessoas, até o momento em que ela começou a agredir e prender violentamente vários manifestantes enquanto tentavam proteger a si mesmos e aos outros.
Durante o conflito uma viatura policial foi queimada e os vidros de muitas outras foram quebrados. A manifestação foi uma expressão da dor pela morte de Scout e da ira contra o sistema que causou o seu assassinato. Os manifestantes não eram “baderneiros de fora” como alguns dizem. Eles eram pessoas que se importavam profundamente com Scout. Eram estudantes e membros da comunidade, anarquistas e ativistas LGBTQ+. Eles eram pessoas lutando pelas mesmas coisas que Scout também lutou.
Para todos aqueles enfurecidos, em sofrimento, ou que são contra a polícia e o sistema assassino que ela defende, nós os convocamos para ações em solidariedade com a nossa própria luta aqui em Atlanta. Para todos aqueles que lutam por liberdade: nos próximos dias, lutem com o nome de Scout em suas bocas, em seus cartazes e em seus corações.
Para ajudar nossa luta, por favor, doem aqui para pagarmos a fiança daqueles presos na noite de segunda-feira (actionnetwork.org/fundraising/protesters-arrested-at-georgia-tech-memorial-march-for-scout).
Fonte: https://itsgoingdown.org/resistance-scout-fighting-memory/
Tradução > VizualWatcher
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