O Coletivo Quebrando Muros manifesta seu repúdio contra a autorização da Justiça Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal que acatou parcialmente uma liminar que busca regularizar o uso de terapias de “reversão sexual”, indo contra a Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia. Esta afirma que não se deve utilizar qualquer tipo de patologização no que diz respeito à sexualidade no Brasil.
Entendemos tal medida como um retrocesso, uma vez que:
1- a Psicologia não deve ser mais um braço da área de saúde que tem cada vez mais se tornado patologizante e desumanizadora, voltada para a cura de doenças e não para o entendimento do sofrimento do indivíduo inserido na sociedade e entendido como um todo;
2- a fragilidade da saúde mental da comunidade LGBT é resultado de uma sociedade preconceituosa;
3- heterossexualidade não é um padrão a ser seguido. Vivemos numa sociedade organizada a partir de relações de dominação e os LGBT’s sofrem as consequências dos preconceitos advindos delas diariamente, e não da sexualidade que possuem.
Cabe ressaltar que, enquanto estamos vendo um retrocesso para os homossexuais, em específico, no Brasil, a transexualidade ainda é tratada como doença (transsexualismo), e muita gente sequer sabe disso. O fato de a transexualidade ser tratada como distúrbio traz muito sofrimento mental para essa população, que já sofre em consequência do preconceito diário que vivencia por causa da transfobia. Assim, além de nos colocarmos contra a autorização da Justiça Federal que permite que profissionais da psicologia tratem a homossexualidade como doença, somos a favor da despatologização da transexualidade, que já deveria ter ocorrido há muito tempo.
A psicóloga responsável por protocolar o pedido é assessora do deputado Sóstenes Cavalcante, filiado ao DEM, um dos membros da bancada evangélica na Câmara dos Deputados. É importante refletir que tal ação não está isolada dentro da realidade dos grupos LGBT’s. Recentemente, o Movimento Brasil Livre, de forma reacionária e provocativa, realizou diversas ações em repúdio à exposição Queermuseu em Porto Alegre, alegando fazer apologia ao estupro e pedofilia quando se tratou da expressão da sexualidade infantil homoafetiva.
Repudiamos as ações intolerantes praticados por esse grupo, por propagar ódio às expressões de sexualidade que não se enquadram em padrões heteronormativos e por tentar limitar as expressões culturais que possuem teor mais crítico quanto às normas preestabelecidas pelas classes dominantes. O Brasil é um território que tem as maiores taxas de assassinatos de pessoas LGBT’s: em 2016, a cada 25 horas uma pessoa LGBT foi morta, totalizando 343 assassinatos, número extremamente alarmante que merece ser encarado como completa negligência por parte do Estado em relação à saúde pública, segurança e educação acerca da sexualidade e respeito à diversidade. Além disso, merece ser apontado também a dificuldade de inserção no mercado de trabalho pelas pessoas LGBTs, em especial as pessoas transsexuais.
HOMOSSEXUALIDADE NÃO É DOENÇA!
CONTRA A PATOLOGIZAÇÃO LGBT!
agência de notícias anarquistas-ana
Profundo silêncio.
Na escuridão da floresta
Dançam vaga-lumes.
Eusébio de Souza Sanguini
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!