> Memória. Há 14 anos, a “ANA” divulgava…
Primeiro, obrigadíssimo pela dica da Feira Anarquista de Livros de Londres [Reino Unido]. Estive lá ontem (25/10) e foi sensacional. Não me atrevo a escrever uma reportagem a respeito porque fiquei apenas me divertindo, lendo e aprendendo. Te mando um relato das minhas impressões, então.
A feira aconteceu na Universidade de London, fecharam vários andares do prédio principal só para isso. No primeiro tinha um salão enorme cheio de livros e camisetas, comida veggie e um “estande” (uma mesa com centenas de livros estendidos e umas camisetas penduradas num varal) da principal editora anarquista inglesa, a AK Books. É louco isso, como existem várias editoras anarquistas por aqui. Em país rico é mais fácil: os caras da Freedom Press, por exemplo, ganharam um prédio de doação! E imprimem um jornal quinzenal na editora de um “simpatizante”, de graça! Sobre as camisetas, várias idéias boas para levar para o Brasil: “Democracia, nós entregamos”, e a foto de um B52 jogando bombas numa cidade; “Se você não está puto, é porque não está prestando atenção”; “Coma rápido Morra jovem”; Uma imagem de uma menininha chorando, um policial do lado e, em cima, “Mamãe disse pra não falar com bastardos”.
O Indymedia UK (claro) colocou um computador com acesso livre para a internet e passou filmes durante o dia todo no quarto andar. Cheguei a ir em umas duas reuniões deles, são bem organizados e tem bastante gente trabalhando permanentemente – umas quinzes pessoas, acho. Mas qualquer ativista daqui tem uma grande vantagem que latino americano nenhum pode ter. Eu perguntava para eles, “tá, mas o que você faz para ganhar a vida?”. “Bem, nada. Eu parei de trabalhar há três anos”. Várias, mas várias pessoas vivem do seguro social, ganhando do governo um bom salário desemprego que dura a vida toda. Assim é fácil, vai dizer.
No segundo andar fizeram uma creche, estava cheia, mães e pais para todo lado. Primeira vez em Londres que vimos mães amamentando no peito – o puritanismo da Igreja com certeza tem a ver com a vergonha da mulher inglesa em mostrar o peito. Minha namorada disse que viu uma vez uma americana que entrou num banheiro público perguntando “onde é a sala de amamentar?”. Quando a moça disse que não tinha, saiu toda nervosa – e o bebê com cara de fome ficou desnutrido porque a americana não achou a salinha para mostrar o peito escondida.
No terceiro andar, mais livros e apresentações de teatro e de fotografia. Muito bacana. Fiquei conversando com o fotógrafo, Matt Archibald, que esteve em várias manifestações pelo mundo. O interessante é que são fotos “do outro lado”. Normalmente a gente vê nos jornais fotos assim: a massa de manifestantes vindo “na sua direção”, jogando uma pedra “em você” – porque os fotógrafos, claro, estão do lado da polícia, atrás dos escudos, e nunca do lado dos manifestantes, onde podem tomar porrada, gás, pimenta, borrachada e até serem presos – ou mortos, dependendo da ocasião. Mas as fotos do caras eram sempre mostrando a polícia vindo, aquelas legiões romanas, batendo, chutando gente caída, fazendo gente sangrar. Enfim, coisas que ninguém acha que acontece.
Ah, tem mais. Isso foi muito bacana, mas infelizmente perdi. No segundo e terceiro andar, dentro das salas de aulas, aconteceram várias oficinas. Só para dar uma idéia: “Workshop de auto-defesa”, “Demonstração de primeiros-socorros”, “Adbusters, para que serve e como fazer”, “O que é anarquismo?”, “Animais” (o movimento contra os maus tratos com animais aqui é bem grande), “Táticas policiais” (discussões sobre a organização policial para produzir um guia com dicas para driblar a lei, literalmente) e “Zapatismo”. No mesmo caderno onde estava a programação também colocaram todas as finanças da feira, onde entrou e onde saiu dinheiro. Também está na internet, para quem quiser ver.
Como dizia a capa do guia da feira de livros, “material inflamável”. E termino reproduzindo mais ou menos um trecho de uma camiseta que estava lá numa banca anarco-punk: “Quem proclama o anarquismo mas não pratica seus preceitos no dia-a-dia, não é tolerante e não é libertário, dorme com um cadáver na boca”.
Andre D. Alonso
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