Rápidas mudanças políticas, alterações e cortes nos financiamentos, aumento dos crimes de ódio, retórica provocativa, processos democráticos corruptos e equívocos de etiqueta internacional caracterizam a situação política atual nos Estados Unidos. Desde que o novo regime assumiu o poder, o perigo iminente contra negros, imigrantes, homossexuais e pobres aumentou enormemente. Nós reagimos com a urgência de bombeiros, indo de conflito em conflito, apagando as chamas onde eles ameaçam destruir nossa comunidade. Continuamos em um estado de alerta constante para agir contra o próximo crime de ódio, o próximo ataque anti-imigrante, a próxima agressão no planeta.
Nestes momentos de urgência, pode parecer como se nossas ações nunca fossem suficientes – como se nossas campanhas em longo prazo se desenvolvessem devagar demais, como se não tivesse o alcance necessário. Como podemos reagir? Este ciclo exige que desistamos de tudo para podermos lutar? Devemos abandonar nossos objetivos mais pró-ativos e visionários, nossos pensamentos estratégicos em longo prazo, nossas alternativas idealizadas e preconcebidas da sociedade existente? Vale lembrar que nada disso aconteceu apenas este ano, do nada. Capitalismo, guerra, racismo, fascismo, xenofobia, misoginia e outras forças de opressão há muito moldam o terreno no qual lutamos. Se negligenciarmos nossas próprias aspirações, estaremos condenados.
Muitas vezes parece como se o apocalipse estivesse prestes a acontecer, um sentimento retratado na mídia, das notícias à ficção científica. Autores como Nnedi Okorafor, Kim Stanley Robinson e China Mieville conjecturam sobre nosso futuro, usando o colapso distópico dos sistemas existentes como um contexto para pensar em alternativas radicais. Essas ideias são lições para nós e as usamos para desenvolver nossos próprios pensamentos.
Mas e se o apocalipse já estiver acontecendo? Talvez tenha se aproximado sorrateiramente, com passos tortos, manifestando-se de maneira diferente em cada espaço e sistema, pouco a pouco se desenvolvendo até chegar onde estamos hoje. Então quais são as oportunidades diante de nós, não apenas para nos defendermos, mas para avançarmos e progredirmos? Com futuros catastróficos parecendo cada vez mais possíveis, como iríamos sobreviver? O que iríamos salvar? O que iríamos construir e criar? Que tipos de sistemas e culturas? Como viveríamos juntos e cuidaríamos uns dos outros?
Essas são as perguntas que o coletivo editorial “Perspectives on Anarchist Theory” está se fazendo. Para esta próxima edição impressa, queremos encorajá-los a pensar “além da crise”. Pedimos por trabalhos (ex: artigos, ensaios, entrevistas, histórias em quadrinhos, etc.) que reflitam sobre lições e ideais de lutas da liberdade utópica, relacionadas a iniciativas pró-ativas de movimentos que estejam ocorrendo no momento, nos ajudando tanto a lidar com o que estamos vivenciando agora, quanto com o que ainda está por vir. Queremos construir e compartilhar nosso trabalho concreto rumo à criação de uma base sólida da prática anarquista.
Além disso, estamos buscando ensaios de resenhas de livros, de preferência discutindo dois ou mais títulos. No momento, estamos particularmente interessados, mas não limitados, aos seguintes autores e livros:
Da Editora AK Press:
Emergent Strategy, Adrienne Maree Brown
Against the Fascist Creep, Alexander Reid Ross
Guerrillas of Desire, Kevin Van Meter
Hegemony How-to, Jonathan Matthew Smucker
Da Editora PM Press:
Out of the Ruins: the Emergence of Radical Informal Learning Spaces, Robert H. Haworth e John M. Elmore, eds.
Reassessing the Transnational Turn, Constance Bantman e Bert Altena, eds.
De Outras Editoras:
New York 2140, de Kim Stanley Robinson junto com Totalitopia, de John Crowley.
American War, de Omar El Akkad junto com Réquiem Para o Sonho Americano, de Noam Chomsky.
Borne, A Novel, de Jeff VanderMeer junto com Four Futures: Life After Capitalism, de Peter Frase.
Hope in the Dark junto com A Mãe de Todas as Perguntas, ambos de Rebecca Solnit.
Tales of Two Americas, de John Freeman.
Priorizamos vozes pouco representadas e valorizamos a acessibilidade e clareza na rigorosa investigação das ideias.
Entre em contato pelo e-mail:
PerspectivesOnAnarchistTheory@gmail.com até 15 de novembro de 2017.
Tradução > Amanda Laet (linkedin.com/in/amanda-laet-8733ba114)
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!