Temas como o gênero e a sexualidade conseguiram uma visibilidade tal na agenda pública que só registramos sua atualidade imediata, como se não tivessem história ou como se ela se remontasse apenas a poucas décadas atrás. Nesta obra, Laura Fernández Cordero recupera experiências libertárias que faz mais de um século desafiaram formas da intimidade, o amor e a união afiançadas pelo Estado ou a Igreja. Assim, expõe o ideário do anarquismo na Argentina, que lutava para transformar as relações econômicas e políticas, mas também as familiares e afetivas. Seus militantes buscaram o fim do matrimônio, que viam como uma forma de prostituição e escravidão, e imaginaram amores livres em que, sem mandatos a eternidade, homens e mulheres exploravam relações múltiplas, simultâneas, com a premissa de um encontro pleno e consensual entre iguais.
Com formidável pulso narrativo, a autora traça um panorama fascinante dos debates e das vivências de quem, em posse da revolução social, encontraram formas novas de viver sua identidade, o amor e o erotismo. Vemos então mulheres que, em 1896 e nos anos de “a Patagônia trágica”, sustentaram a denúncia contra a violência que sofriam nas fábricas tanto como em seus lares. Também as peripécias de uma colônia anarquista no Brasil, onde um trio praticou em 1890 a versão mais audaz do amor livre. Ou a um destacado ácrata que celebrou como triunfo da liberdade sexual o adultério de sua jovem esposa, enquanto outras vozes do anarquismo se assustavam com as mulheres liberadas e desejantes.
Longe de uma complacência fácil ou de um anacronismo que aplaine a espessura de cada conjuntura, este livro expõe a enorme potência mas também as contradições dessas expressões, que questionavam todos os parâmetros morais, mas consideravam que o aborto ou a homossexualidade eram excessos a evitar. Com rigor e frescura, percorre uma história pouco conhecida, que oferece perspectiva para ponderar as mutações do presente.
“Amor e anarquismo. Experiencias pioneras que pensaron y ejerceron la libertad sexual”
Laura Fernández Cordero
240 págs. | 14 x 21
ISBN 978-987-629-764-6
Setembro de 2017
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Pequena flor
Sol contido na cor
Ipê amarelo
Luciana Bortoletto
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!