Santiago morreu. Santiago foi morto. Eles o mataram por suas ideias. Ele foi morto por se opor ao poder.
Esse poder te convoca para votar neste domingo¹.
Te chama para que, com seu voto, legitime tudo isso, não importa em quem vote. Tanto faz.
Vão ganhar aqueles que estão sempre ganhando. Vão ganhar aqueles que continuam matando aos que se atrevem a se opor ao poder.
O assassinato de Santiago é uma mensagem. Estão nos dizendo o que eles são capazes de fazer. Nos dizem que as forças repressivas permanecem intactas desde a ditadura.
Que eles podem matar e que seguirão fazendo.
Eles estão nos dizendo, podemos ir e matar qualquer um de vocês. Eles sabem que haverá algum protesto morno. Eles sabem que muitos de seus líderes jogam para eles e ajudarão a apaziguar os ânimos.
Eles sabem que esses líderes vão pedir votos e dirão as mentiras de sempre. Nunca dirão que jogam para eles.
Esses líderes de merda que temos, que, sem querer, demonstraram nesses dias cruciais que ganhar ou perder um votinho lhes importa muito mais do que qualquer uma de nossas vidas.
Eles sabem que podem fazer com que essa farsa pareça mais importante do que uma vida.
Eles sabem que nos venderam essa farsa do Governo do Povo e a compramos.
Eles sabem que votando nada mudará. Eles manipulam aqueles que ganham.
Este domingo, por Santiago e por você, não vá votar.
Votando, você mostra que sua morte foi em vão.
Votando, você mostra que eles continuam ganhando.
Votando, você mostra que eles podem continuar fazendo o que querem.
Votando desde 1983, sem qualquer mudança importante, mostre-lhes que eles estão certos em nos levar por idiotas.
Não importa o que eles façam, sempre ganham.
Este domingo, diga-lhes: Enfiem as urnas em seus miseráveis rabos.
Este domingo, se você quer que algo mude.
Não vá votar.
Mirta Perel
[1] Neste domingo, dia 22 de outubro, os argentinos irão às urnas em eleições legislativas para renovar um terço do Senado e metade da Câmara dos Deputados.
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!