“Os anarquistas, os encapuzados, porque Santiago foi um encapuzado e eu, sinceramente, agradeço de todo coração ao companheiro porque quando se cumpriam esses 30 dias de detenção injusta, ele veio, acompanhou porque haviam reprimido em Bariloche. Ele foi um daqueles que estilhaçou as vidraças do Tribunal daqui, de Esquel, e o companheiro esteve lutando lado a lado. Dói-me muito que mintam sobre ele. Por que eles não falam nada das ideias que tinha o companheiro? O companheiro era um anarquista, nós somos mapuches. Temos diferenças ideológicas com o anarquismo, mas devemos respeitar as ideias. Se Santiago estivesse aqui, ele estaria lutando nas ruas, nas barricadas”.
Facundo Jones Huala¹
Unidade Prisional 14 de Esquel
[1] Preso desde o último 27 de junho na Argentina, Facundo Jones Huala, de 31 anos, é hoje um dos líderes da comunidade mapuche, que reivindica 500 hectares de terras na Patagônia do grupo italiano Benetton (fabricante de lãs que possui uma fazenda de ovelhas no local). Segundo sua advogada, Sonia Ivanoff, Facundo foi preso em uma operação de rotina feita pela Gendarmería (força militar argentina, subordinada ao Ministério da Segurança). Consta na ficha do líder mapuche um pedido de extradição feito pelo Chile. O país vizinho alega que, em janeiro de 2013, Facundo atravessou a fronteira ilegalmente e participou do incêndio em uma propriedade rural. Em 2016, entretanto, o líder indígena já havia sido detido, julgado e liberado na Argentina pelo mesmo episódio. Para Sonia, a segunda prisão de seu cliente sem sentença alguma é “ilegal, abusiva e inconstitucional”. Na Unidade Prisional de Esquel, Facundo fez recentemente greve de fome e espera por um novo pronunciamento das autoridades argentinas. “O segundo julgamento em Bariloche ainda não tem data definida”, diz a advogada, que é especialista em direitos indígenas e vice-presidente da AADI (Associação de Advogados de Direito Indígena da República Argentina).
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