Neste post, inauguramos uma série de artigos temáticos sobre o fascismo no território do Estado grego. O artigo original, intitulado “Falemos sobre o fascismo moderno” e com o subtítulo “atualizando nossa análise e organizando a guerra contra suas raízes e não só contra os fascistas declarados”, foi publicado no site da coletividade anarquista de Volos Manifesto.
Quatro anos após o assassinato do antifascista Pavlos Fyssas por um batalhão de assalto neonazista do Aurora Dourada
“Não lutamos contra o fascismo juntamente com o governo, mas a despeito do governo. Sabemos muito bem que nenhum governo no mundo quer realmente esmagar o fascismo, porque a burguesia precisa recorrer a ele cada vez que o poder desliza para fora de suas mãos.” – Buenaventura Durruti, 1936, entrevista com um correspondente do jornal Toronto Star
Como aconteceu nos casos de 17 de novembro de 1973 (rebelião da Escola Politécnica) e de 6 de dezembro de 2008 (assassinato de Grigoropoulos pelo Estado), a cada ano, em 18 de setembro, marchas e concentrações antifascistas são realizadas de forma coordenada no aniversário do assassinato do antifascista Pavlos Fyssas por um batalhão de assalto dos neonazistas do Aurora Dourada, em 18 de setembro de 2013.
É um assassinato que naquela época não poderia ser silenciado, apesar das tentativas coordenadas do Regime e seus meios de desinformação para minimizar o seu significado, como tinha acontecido vários meses antes, no caso do assassinato do imigrante Sahzat Lukmán por outro grupo fascista do Aurora Dourada. No fim o assassinato de Pavlos Fyssas pelos fascistas funcionou como um marco no nível político e social, de modo que a promoção e o desenvolvimento – rapidamente naquele tempo – do nacionalismo e do fascismo no nível político no território do Estado grego foram mantidos. Até esse momento, os partidos e os meios de desinformação tinham apoiado repetidamente os fascistas do Aurora Dourada direta ou indiretamente, ou mais frequentemente tinham soado silenciosamente ante o funcionamento de sua promoção política e especial sua legalização social, planejada pelo Estado e pelo Capital. O significado de dezenas de ataques fascistas (agressões) dos batalhões de agressão contra os imigrantes, nos locais de culto muçulmano, contra pessoas locais e okupas, homossexuais, comunistas, anarquistas e antifascistas, foram minimizados (se a notícia não foi silenciada) pelos meios de desinformações massivos, os partidos leais ao Regime, os policiais e os promotores. Estes casos permaneceram arquivados, bem fechados nas caixas de aparato repressivo do Estado, e, finalmente, eles foram cobertos. Este encobrimento furtivo dos ataques fascistas foi o melhor presente que poderiam oferecer (para os fascistas) toda essa ralé do Regime, então eles seguiram seus ataques assassinos, aumentando sua quantidade e intensidade.
Esse ano foi o terceiro após a imposição dos memorandos, no quadro da reestruturação capitalista violenta, e de uma operação coordenada de rápida e forte desvalorização do trabalho no território do Estado grego, planejado e constantemente supervisionado pelo capital financeiro internacional (bancos, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional, e outros fundos) e seus representantes políticos. Na verdade, a pretensão de todos os componentes do sistema político burguês, parlamentares ou extraparlamentares, direitistas- neoliberais ou esquerdistas-social-democratas, era, e será o aumento da exploração econômica dos estratos sociais inferiores, a reprodução e o alargamento da soberania (dominação) do Capital, “nacional” e “transnacional”, bem como a propagação dos conceitos da delegação e da governabilidade, como as únicas alternativas que têm os oprimidos e os explorados. E como historicamente tem sido demonstrado no século XX, os fascistas são os mercenários mais fiéis (leais) dos soberanos, servindo de uma forma constante e consistente à eles, e ajudando seus mestres a alcançar seus desejos ao máximo e tão rapidamente quanto possível.
Com o assassinato de Pavlos Fyssas mudou radicalmente o “ambiente” na sociedade, especialmente após as demonstrações combativas realizadas alguns dias após o assassinato, e após os confrontos generalizados na rua entre os antifascistas e os colaboradores, entre eles os batalhões fascistas e a polícia. Percebendo que, por causa desses fatos, o antifascismo combativo estava adquirindo uma legalização na sociedade e um discurso para ele, e temendo uma repetição dos atos de 6 de dezembro de 2008, cuja continuação seria incontrolável, os partidos leais ao Regime e aos meios de desinformação, mudaram de tática. Depois de chorar com lágrimas de crocodilo pelo jovem assassinado, o “antifascismo institucional” hipócrita do chamado “arco constitucional” foi então adotado de forma coordenada. A democracia burguesa procurou atrair a atenção, fingindo recuperar a legalização social no nível comunicativo, com diversos pretextos e usando seu traje “antifascista”. Com sua bem conhecida tática de camaleão, o Regime recuou por um tempo, “colocando no freezer” os fascistas com processos judiciais, sem deixar, é claro, de integrar em sua retórica uma versão atualizada da teoria bem conhecida dos “dois extremos”, com constantes menções a ele, a fim de desprezar a nível político aos olhos dos estratos sociais inferiores os militantes dos grupos antifascistas combativos que por muitos anos tinham dado muitas batalhas, lidado e retido os fascistas na rua. Se trata de uma guerra que estava em andamento após a exibição de “prosperidade nacional” e depois da versão brilhante da “Grécia moderna.”
O sistema montou uma longa máquina de lavar roupa dos fascistas, a fim de apaziguar as reações sociais após o assassinato de Fyssas. Hoje, quatro anos depois, toda a antiga cúpula aprisionada da organização fascista (líderes, deputados, membros e junto com eles o assassino neonazi Rupakiás) foi liberada. Os autores por participação e por cumplicidade do assassinato de Fyssas e de dezenas de ataques fascistas, desfrutam da proteção do Sistema. O julgamento montado após o assassinato de Fyssas avança o mais lentamente possível. A tarefa a ser executada pelas forças políticas leais ao Regime, ao aparato estatal e ao Capital, é a conversão gradual, em condições de chantagem política, do Aurora Dourada num partido parlamentar “fiável” e “sério”, como o partido de Le Pen, pronto para participar de uma forma “responsável” em uma coalizão do governo, ou para apoiar tais coalizões. Tais colaborações serão necessárias para serem capazes de gerir politicamente o empobrecimento e a indigência cada vez mais alargada das camadas sociais inferiores, sob o regime da desvalorização constante do trabalho. O racismo e o nacionalismo não são questionados neste julgamento. Por muitas décadas o “fracasso”, negação do componente judicial do Sistema de colocar organizações fascistas fora do quadro constitucional, confirma que suas raízes da questão estão no Estado. Como em todos os Estados em todo o mundo, desde a sua fundação o Estado grego incorporou e reproduziu o conjunto dos princípios autoritários que mais tarde constituíram as raízes do fascismo político: a exploração da classe, o racismo, o nacionalismo e o patriarcado.
O texto grego:
https://manifesto-volos.espivblogs.net/2017/09/18/about-fascism/
O texto em castelhano:
http://verba-volant.info/es/hablemos-del-fascismo-moderno-parte-i/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
folha seca
sobre o travesseiro
acorda borboleta
Alice Ruiz
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!