…sonho com a liberdade. É a palavra mais doce que jamais tenha escutado e sonho com ela cada noite…Sonho com a ausência de grades, a ausência de grilhões, a ausência da ameaça de morte. – MAJ
Aos 36 anos do encarceramento do preso político Mumia Abu-Jamal, o clamor por sua liberdade cresce em sua cidade natal da Filadélfia (EUA) e ecoa em ações solidárias em várias cidades do mundo. No sábado, 9 de dezembro, às 2 da tarde, lhes convidamos a participar com canto e palavra em um ato por sua liberdade fora da embaixada mais odiada no México situada na Avenida Reforma 305.
Quem é Mumia? Ele mesmo se descreve como “pensador, escritor, ser criativo, homem, pai, esposo, avô e filho – pura e simplesmente um homem negro livre que vive em cativeiro”. Nos onze livros que escreveu desde sua cela e em seu trabalho jornalístico, fala muito de sua experiência com duas organizações revolucionárias — o Partido dos Panteras Negras e a Organização MOVE. E é precisamente por sua vida de luta que foi criminalizado pelo assassinato de um policial branco da Filadélfia em 1981, pela polícia sob a direção de Alfonzo Giordano e a promotoria da Filadélfia sob o comando de Ron Castille. Eles contaram com a colaboração do juiz William Yohn, que disse no primeiro dia de seu julgamento, “Vou ajudá-los a fritar o negro”.
Mumia viveu quase três décadas no corredor da morte, durante as quais todas as suas apelações foram rechaçadas por Ron Castille em seu novo papel de juiz da Suprema Corte da Pensilvânia.
As mobilizações de um amplo movimento conseguiram a revogação da pena de morte em 2011, mas Mumia segue sequestrado, agora condenado a uma morte lenta, ou seja, a prisão perpétua. Em 2015, quase morreu de Hepatite C, mas depois de dois anos de luta constante, as autoridades carcerárias da Pensilvânia foram obrigadas a dar-lhe tratamento. Desgraçadamente, tardaram tanto que Mumia agora padece de cirrose hepática.
Agora se abre um novo caminho de apelação devido ao fato que a Suprema Corte dos Estados Unidos determinou que o mesmo Ron Castille violou os direitos constitucionais de outra pessoa em um caso muito parecido com o de Mumia. Uma vitória poderia revogar sua sentença de culpabilidade e trazer sua liberdade. Então a luta segue nos tribunais e na rua.
Ao mesmo tempo, lutamos pela liberdade de outras dezenas de presos políticos nos Estados Unidos, incluindo Leonard Peltier, Sundiata Acoli, Dr. Mutulu Shakur, Jalil Muntaqim, Herman Bell, Seth Hayes, Russell ‘Maroon’ Shoatz, Imam Jamil Al-Amin, Ruchell Magee e ‘os 9 do MOVE’. Aqui no México, também apoiamos a liberdade de nossos companheiros presos políticos, incluindo os de San Pedro Tlanixco e os presos anarquistas Fernando Barcenas, Fernando Sotelo e Miguel Peralta.
Em um contexto mundial onde Trump leva o mundo a borda da destruição e deixa descoberta a verdadeira natureza do sistema capitalista-imperialista, inseparável da supremacia branca. Qual é a mensagem de Mumia? Ele dá boas vindas ao nascimento de movimentos como Black Lives Matter e a renovação da luta contra o terror policial e a Ku Klux Klan. Temos que conhecer nossa história e saber que nenhum império dura para sempre, diz, e temos que nos organizarmos bem, construirmos comunidades e unirmos nossos esforços para poder lutar contra a impunidade policial, o sistema carcerário letal que padecemos, a tortura do isolamento prolongado em uma cela, a criminalização dos migrantes, a agressão contra as mulheres, o ódio para com os muçulmanos, a destruição do meio ambiente.
Aqui no México, vivemos diariamente o saque de nossa riqueza pelos megaprojetos internacionais, as ameaças para acabar com os povos indígenas, a militarização de nosso país – até com mais tropas estadunidenses -, a importação de seu monstruoso sistema carcerário, os constantes feminicídios, as ameaças de construir não só um muro, mas dezenas de prisões para migrantes na fronteira, e em dias recentes, o aproveitamento pelo governo e empresas imobiliárias do sofrimento humano ocasionado pelos recentes terremotos. Mas também temos visto na população a vontade de milhares de companheirxs do México de ocupar-se do salvamento e da coleta [de alimentos e bens de primeira necessidade]. E temos o exemplo do Congresso Indígena do Governo e sua estimada porta-voz ‘MariChuy’, com seu chamado à organização, a unir dores e caminharmos juntos para defender as comunidades e derrubar o sistema capitalista.
Então que fazemos para que os sonhos de Mumia se tornem realidade?
Organizemo-nos! Caminhemos com gente de bom coração! Nos mobilizemos!
Liberdade para Mumia! Presxs políticos liberdade! Morte ao sistema carcerário!
Convida Amigxs de Mumia no México
Gratidão à Gamaika Rashida pelo desenho do cartaz.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Sobe a piracema –
ano que vem outros peixes
nadarão de novo.
Anibal Beça
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!