Na tarde de domingo de pizzas na A da Maxada¹ dia 19 de Novembro, lá por volta das 18h30 apareceram cinco carros e uma viatura da polícia . Nós estávamos a fazer e a comer pizza como noutro Domingo qualquer, quando um companheirx nos diz que estava alguém estranho no portão, a apontar a lanterna e a dizer que era polícia. Nesse mesmo momento vimos cair uma pedra vindo do lado da rua que por nossa sorte não atingiu ninguém (a pedra tinha uma dimensão de quase 20cm). Neste momento reparamos que a polícia já estava na porta de cima. Percebemos que estavam muito agressivos e perguntamos porque é que estavam ali e o que é que se passava. Eles só diziam “abre a porta, abre a porta” e logo de seguida decidiram entrar ao pontapé, quebraram a fechadura e a porta abriu violentamente batendo na cara de um companheirx abrindo-lhe um rasgo na testa. Mais companheiroxs protegeram a porta barricando-a, telefonamos rapidamente para o advogado a dizer o que se estava a passar.
Subimos o muro da casa para falar com a polícia cara à cara, vimos um grande aparato policial, muitos com escudo e cassetete na mão e bastante enraivecidos. O oficial superior presente disse-nos que a casa era okupada, logo não é nossa e por isso eles tinham mais direito para estar cá dentro do que nós, ao qual lhe respondemos,”nós vivemos aqui”, sem nunca reivindicar a propriedade como nossa. Perguntamos se era preciso agir com essa violência toda, e porque estavam ali? O polícia respondeu que tinha havido uma queixa de um vizinhx por causa do barulho e que o mesmo também lhes tinha dito que era uma casa ocupada por um grupo de jovens. Disseram-nos que tentaram abrir a porta à força porque se aperceberam que estávamos a trancar a porta.
A polícia perguntou porque não abríamos a porta, ao qual respondemos que não somos obrigados a abrir a porta sem que houvesse um mandato para entrar e que podíamos falar sem sair para fora da casa, explicamos também que a nossa desconfiança vinha na sequência da pedra atirada por eles e da agressividade até então demonstrada, ao qual a polícia argumentou que eram “a polícia”, que não tinham atirado nenhuma pedra e que não devíamos ter medo deles porque se quisessem ter entrado já o teriam feito.
A conversa continuou durante uns vinte minutos com a polícia sempre a referir que a casa não era nossa e que não tinham atirado nenhuma pedra, ao qual nós respondemos “esta é a casa onde vivemos”, que sabemos não haver queixa alguma dx proprietárix e que não nos diga que acabamos de ter uma alucinação coletiva porque todxs vimos a pedra de grandes dimensões cair cá dentro.
Quando eles se retiraram, falamos entre nós e deduzimos que essa pedra era um ato de provocação. Cai-nos uma pedra e passado uns segundos eles já estão a pontapear a porta muito violentos. O plano deles deve ter sido de nos provocar à espera que houvesse uma retaliação da nossa parte para terem uma razão válida para entrar à força pela A da Maxada a dentro feitos uns cowboys. Como já é comum nas suas ações abusivas de poder.
Receberam ou não receberam essa queixa de um vizinhx não sabemos, sabemos sim que eram 18h30 da tarde, que não nos disseram quem tinha sido o autor da queixa e agregando ainda ao fato de até então termos uma boa relação com todos os vizinhos da nossa rua sem que estes tenham alguma vez demonstrado algum ato de descontentamento face a qualquer atividade feita na A da Maxada, especialmente depois de termos apagado o incêndio ombro a ombro com eles este verão.
Após termos sido obrigados a observar uma peça de teatro de péssima qualidade e de muita saliva gasta “a polícia” lá se convenceu/apercebeu que pouco mais podia argumentar retiraram-se a realçar o fato de termos sido avisados que não podíamos fazer mais barulho e que se o fizéssemos seriamos tirados da A da Maxada à força…
Assim que se retiraram fomos ajudar umx companheirx a mudar o pneu do carro porque tinha sido esvaziado/furado. O pára-brisas traseiro e um espelho retrovisor da mesma viatura foram quebrados, pelos vistos como a mostra de vingança/frustração por não terem conseguido entrar na A da Maxada.
[1] A da Maxada, é uma chácara em Setúbal. Com espaços para hortas, música, artes, oficinas, ou uma série de outras atividades, sempre numa perspectiva autogestionada, anticomercial, DIY (Faça Você Mesmo).
agência de notícias anarquistas-ana
rua em que nasci
as crianças riem
o riso do velho
Ricardo Portugal
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!