Por Federação Anarquista Gaúcha (FAG) | 05/12/2017
No dia de ontem, 04/12, nossa companheira Lorena, que trabalhava na rede de hotéis Intercity na cidade de Porto Alegre, como garçonete, foi demitida SEM justa causa. Segundo sua gerente direta foi “corte de gastos”. Temos certeza das motivações não ditas desta demissão e, que sim, são de perseguição política por conta da exposição da companheira em rede nacional, onde vincularam sua imagem com ações “criminosas”, “terroristas”, por conta de sua militância anarquista.
Logo após a mega exposição em rede nacional, por conta da tarefa pública que a companheira exerce, no seu local de trabalho, já não havia como omitir seu vínculo político, seu compromisso militante. Já na segunda-feira, logo após o Fantástico da rede Globo, nossa companheira sentiu o peso de ser vitrine de injustas acusações, várias pessoas, trabalhadoras do hotel se dirigiam a ela para perguntar se era verdade o que havia passado no programa televisivo, se apoiava o terrorismo ou não, como estava ela, se precisava de algum apoio, um misto de confusão e solidariedade. Isto, entre o grupo de trabalhadores do hotel.
Nossa companheira sabe que nunca falou em causa própria, em seu nome particular, como indivíduo, mas sim como porta-voz de sua organização. Mas, efetivamente sabemos que o Estado e seus governos (suas polícias) sempre buscaram personalizar sua perseguição, expor alguns para poder intimidar a todos.
No hotel em questão, nos grupos de redes sociais dos funcionários, o vídeo do Fantástico circulava e causava curiosidades, diferentes reações, algumas brincadeiras boas, outras bastante agressivas.
Fato é que com o passar do tempo, o assédio moral, travestido de “padrão de cobrança da empresa” começou a pesar sobre nossa companheira, diferentes razões levaram a compa relatar com maior frequência que o clima tava pesado, que se sentia completamente pressionada e desmotivada a estar no local de trabalho. Nada veio dos colegas em si, mas sim, principalmente dos e das aspirantes a cargos maiores na empresa, “colegas” que estavam em funções um pouco melhores e que por meritocracia, “puxa saquismo”, entre outras coisas, começaram a criar o clima hostil pra cima de nossa militante. Criar problemas com os horários de intervalo, com horários de entrada, fazer intriga com a gerência, omitir informações de trabalhos importantes, deixar o trabalho pesado para a companheira fazer, muita vezes sozinha. Desta forma a gerência não precisava fazer o trabalho sujo de praticar o assédio moral diretamente, bastava encontrar alguém entre os “colaboradores” que pudesse prejudicar, nas ações cotidianas, a nossa companheira. Certamente estavam esperando que pela pressão, a Lorena pudesse pedir por conta própria a demissão.
Não bastasse isso, o gerente geral do hotel, chegou estes dias atrás e cumprimentou a Lorena com o nome que ela usa no Facebook, talvez para mostrar que estava, como não era de duvidar, totalmente por dentro do assunto.
Só nas últimas semanas a nossa companheira soube que algumas funcionárias da limpeza foram demitidas, também sem justa causa e, que são direitos trabalhistas estavam prejudicados, estamos falando de mulheres, a maioria negra, que trabalhavam com grandes jornadas, com acúmulo e desvios de funções gravíssimos. Ironicamente, há alguns meses, a Rede Intercity Hotels ganhou um prêmio de “melhor empresa para se trabalhar”, MAS a pesquisa não foi feita com os funcionários, foi uma outra empresa que premiou a Rede Intercity…
Sabíamos que havia um risco eminente de demissão por conta da militância de nossa companheira, esta não é a primeira vez, tampouco trataremos com vitimismo esta denúncia, até porque não é do nosso feitio, mas tampouco nos caracteriza que a ofensa feita a um do nossos passe desapercebida.
Em meio a perseguição “velada” contra nossa companheira, nossa denúncia quer engrossar o coro contra a reforma trabalhista que vai atacar principalmente os trabalhadores mais precarizados, o setor terceirizado, do trabalho informal, das grandes jornadas de exploração, de direitos anulados, de assédio moral autorizado e institucional contra as mulheres e os mais pobres.
Nenhuma ofensa sem resposta!
Solidariedade de classe é mais do que palavra escrita!
Basta de assédio moral e perseguição política no local de trabalho!
federacaoanarquistagaucha.wordpress.com
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!