Acaba de ser lançado o livro “Pedro Augusto Motta: Militância Libertária e Verbo de Fogo”, do professor e anarquista Victor Pereira, e editado pelo Plebeu Gabinete de Leitura. A seguir, reproduzimos a orelha do livro.
O alvorecer do século XX encontra na capital do Ceará uma mocidade ávida pela decifração das “novas ideias”. Trabalhadores, estudantes, jovens intelectuais, literatos, participam de animadas conversas, debates e leituras coletivas, alimentadas pela vontade de saber e pela circulação de livros, revistas, jornais, brochuras de procedência variada. Aos poucos vão moldando um vocabulário novo, crítico e transformador, munidos do qual se vão insurgir contra as opressões e injustiças da antiga ordem.
Laicismo, racionalismo, cientificismo, anticlericalismo e socialismo fazem parte desse “caldo” de ideias que tão logo granjeia adeptos e difusores, ganha também opositores, arvorados em defensores da ordem contra o que julgam doutrinas subversivas.
É na convergência desse pensamento questionador com os esforços de formação e autodidatismo dos trabalhadores que se produzirá sua face mais popular e de maior alcance. E nesse encontro, o nome de Pedro Augusto Motta tem lugar de destaque.
Trabalhador gráfico, pioneiro do socialismo no Ceará, jornalista da classe e militante de primeira hora da trincheira libertária, a invulgar trajetória de Motta permanece desconhecida do público mais amplo, embora se tenham dado passos importantes, nos últimos tempos, nas pesquisas de História Social que, aos poucos, vão compondo um rico mosaico sobre as experiências da classe trabalhadora no Ceará.
O livro de Victor Pereira, oriundo de seus estudos no Mestrado em História Social na Universidade Federal do Ceará, surge em momento necessário, em que são prementes as discussões sobre alternativas para a construção de uma cultura anticapitalista e antiautoritária, baseada na liberdade e na solidariedade.
Aliando pesquisa empírica de fôlego com construção narrativa bem urdida e objetiva, o autor acompanha a trajetória do libertário cearense, desde a sua formação nas leituras insubmissas, o abraço às ideias anarquistas, a agitação no associativismo dos trabalhadores em Fortaleza, os confrontos com o conservadorismo local e a sua “migração involuntária” para São Paulo, onde se tornou editor do mais importante jornal anarquista daquela cidade, A Plebe.
Militância das mais ativas, que lhe rendeu perseguições, prisões e, por fim, desterro na Colônia Penal da Clevelândia, no extremo norte do país, onde terminou seus dias. O verbo de fogo que brandiu contra a opressão, a injustiça, a miséria e toda sorte de reacionarismos, entretanto, jamais se extinguiu, em quaisquer quadrantes.
A biografia social que Victor Pereira apresenta é plena do compromisso de transformação do qual a vida de Motta é exemplo. Bem como a iniciativa editorial do Plebeu Gabinete de Leitura, em Fortaleza, dando à estampa livros preci(o)sos e nos convidando a afiar o verbo da luta social. Boa leitura e boas lutas!
Allyson Bruno Viana
Professor da Universidade Estadual do Ceará – UECE/História
S e r v i ç o
Pedro Augusto Motta. Militância libertária e Verbo de Fogo.
Victor Pereira
Fortaleza: Plebeu Gabinete de Leitura, 2017. 349 pgs.
FB: facebook.com/PlebeuGabinetedeLeitura/
agência de notícias anarquistas-ana
Sol de primavera —
O despertar das flores
É quase um sussurro.
Paulo Ciriaco
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!