15 anos da livraria: livros sobre as lutas sociais, o movimento revolucionário, o anarquismo, o antifascismo, o feminismo… Livros publicados por editores engajados são privilegiados. Revistas, jornais e fanzines políticos, militantes e de contracultura são também apresentados.
A Livraria Quilombo abriu suas portas em 2002: 15 anos já, e sempre de pé! A estrutura, associativa e autogerida, continua frágil, mas não nos impede de estarmos firmes no mundo militante e de trazer aquilo que desde o começo nos motivou a lançar um projeto um pouco louco… Para nós, então, é um sucesso, mesmo se economicamente o projeto seja quase inviável. Nós passamos, ao longo dos anos, da pequena loja militante ao que se parece enfim uma livraria independente, de um gênero particular certamente, mas aberta no seu bairro a todos e todas. De numerosos projetos, aprendemos com nossos erros, sempre graças à sorte e aos encontros, mas também graças à belas intuições (que a imodéstia nos seja permitida: não se faz 15 anos todos os dias!).
A equipe progressivamente se ampliou e conta hoje com sete pessoas – dois assalariados de tempo parcial e cinco voluntários, dos quais dois fundadores. Ao longo do tempo, construímos uma comunidade de leitores sempre grande, insaciável, exigente. E solidária. Quando ao fim de 2014, lançamos um apelo ao apoio para financiar os trabalhos de expansão que nossa tesouraria não nos permitia vislumbrar, vocês foram numerosos a nos ajudar. Quando a afluência o exige, o CICP vizinho (Centro Internacional de Cultura Proletária, casa de associações dos quais somos membros) nos acolhe na sua grande sala – nossa livraria não existiria sem esse lugar que recentemente comemorou 40 anos, mais que o dobro de nossa existência, isso nos faz sonhar! Esse modesto território, na fronteira entre o 11º e 12º bairro parisiense, no qual estamos cravados, tem uma história e não estamos aqui por acaso.
Numerosos são de fato os que nos perguntam, quando passam pela livraria, o que quer dizer Quilombo. Na floresta amazônica no século XVII, os quilombos eram os territórios criados pelos escravos fugidos das plantações costeiras no Brasil. O mais conhecido deles, o de Palmares, teria resistido aproximadamente um século aos ataques e assédio de soldados e colonos. Construíram sua liberdade em plena autonomia, na época impossível. Hoje não mais, em toda parte… Espaço de resistência à hostilidade da megalópole capitalista, assim se quer a livraria. Quilombo começou, tal qual seus ancestrais da selva brasileira. Mas apenas quinze anos depois de sua criação, o que nos ameaça e nos anima, a todos, concretamente, à entrada do terceiro milênio? Sem dúvida não os colonizadores como eram naquela época – nem do séc. XVII nem de 2002! – os perigos são de outra natureza, com certeza, e nossas condições de vida mil vezes mais confortáveis que as dos habitantes dos quilombos. Mas tentamos perpetuar o espírito da resistência. Nossa floresta virgem é Paris, e o colonialismo é numérico, industrial, liberal, capitalista. Nós os combatemos, à nossa medida. Quer dizer, promovendo a difusão de algumas ideias e preservando o ato de ler – em verdadeiros livros, de papel, não em plataformas digitais. Não se trata para nós de vender um livro como um produto lúdico, de consumo rápido e provocando uma satisfação quase instantânea, ou mesmo como unicamente ferramenta de conscientização política. Nós poderíamos fazer elogios a leitura de página inteira, mas nos contentamos em dizer que o ato de ler, em si, desenvolve a memória longa, aquela que permite tomar decisões políticas à partir de conhecimentos precisos e de reflexões complexas. A leitura é um dos melhores caminhos rumo à emancipação individual e coletiva. Nós estamos convencidos disso, após esses 15 anos!
Livraria Quilombo
23 rue Voltaire 75011 Paris
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Por trás da cortina,
o passarinho não vê
que aguardo o seu canto.
Henrique Pimenta
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!