Companheirxs, amigxs, família…
Outra vez desde as masmorras do Estado, do estômago da besta. No primeiro grau e [no módulo] FIES [Arquivo de Internos de Seguimento Especial] escrevo estas palavras, isolado, mas não só, porque sei que nossos valores são muito mais fortes que estas barras que tenho na frente, que nosso amor pela liberdade é mil vezes mais digno que seu ódio e que não há parede que consiga separar-nos dxs nossxs.
Creio em muitas coisas e algumas delas sempre foram que a autodefesa antifascista é a luta mais legítima que há, e que um Estado que promove o fascismo, o racismo, a homofobia e um longo etc atacará despiedadamente a quem se defenda.
Depois de ser insultado racistamente, atacado pelas costas por um homem com uma faca na mão e após um trágico desenlace, a máquina se põe em marcha, o Estado se torna forte e sabe que uma mentira contada mil vezes se converte em verdade, ao menos para a maioria que necessitam. O atacante se converte em atacado, se inventam uma desculpa ridícula para o ataque (os suspensórios) que nem sequer aparecem na investigação policial, a faca desaparece e tentam ocultar vinculações fascistas e racistas. Tiram de sua melhor arma: o patriotismo. O perigo na tele [tevê] sou eu, e dirão essa mentira mil vezes, porque podem e a necessitam. Sinto uma impotência terrível ao saber-me um pião de seu jogo, mas não desespero, sei por experiência que a verdade vem a tona ainda que a história seja escrita pelos poderosos, os vencedores… por hora.
Sei que faremos mais ruído que eles, que nossos laços e solidariedade valem muito mais que seus meios e seus muros. Sigo acreditando, agora mais que nunca, na legítima autodefesa, no antifascismo, em meus irmãxs na rua, em nossas lutas, em minha família, em meus princípios.
Por tudo isto e muito mais, ainda aqui, após tudo o que estou vivendo, sigo sentindo-me afortunado, porque sei que conto com vocês, e vocês comigo.
Desde as masmorras, isolado, mas não só.
Rodri
Terça-feira, 2 de janeiro de 2018
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!