A p r e s e n t a ç ã o:
Feminista, anarquista, muçulmana, individualista, mulher de letras, quiromante, partidária do amor livre, ateia, pacifista… Descrever Leda Rafanelli (1880-1971), é escrever um inventário à maneira de Prévert¹. A partir dos 14 anos, Leda trabalhou numa tipografia. Alinhando os tipos em chumbo (incluindo os de jornais socialistas e anarquistas), acede a uma cultura normalmente inacessível às suas origens modestas… e forma-se de convicções políticas. E Leda acredita no que vive, sem qualquer tipo de medida: um encontro fundador com o Egito, onde se converteu ao Islã, inúmeros amores, uma editora, uma carreira literária povoada de várias identidades… e um compromisso que faz dela uma figura central do anarquismo italiano do início do século XX. Em 1913, teve um breve caso com Benito Mussolini (então diretor de um jornal socialista), de quem conservou uma correspondência incômoda que iria proteger os seus parentes durante a repressão fascista. Leda Rafanelli viveu mil vidas numa só e muitas delas paradoxais…
Célina Salvador,
Editora
Leda Rafanelli, la gitane anarchiste
Francesco Satta, Luca de Santis et Sara Colaone
Edições Steinkis, 212 p., 20 €.
[1] Referência ao poeta francês Jacques Prévert.
Tradução > Gisandra Oliveira
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