Anarquismo Pagão (Pagan Anarchism) é um livro que ilumina as semelhanças entre anarquismo e paganismo, a partir de mitos, histórias e experiências pessoais do autor. Este livro serve como uma introdução sólida àqueles que tenham interesse por paganismo/politeísmo assim como pelo Anarquismo clássico (anarco-comunismo), e como os dois estão relacionados, apesar das críticas inseridas parecerem estar deixando passar algo.
O livro começa dando uma boa explicação geral quanto às implicações do paganismo. Thompson escreve de uma perspectiva pagã Gaélica (celta), então sua vertente de paganismo é mais animística e baseada na terra, embora ele não clame que esta seja a única forma legítima de paganismo. Animismo e espiritualidade ligada à terra vão bem com o tema desse livro, uma vez que ele tem algumas pinceladas de Anarquismo Verde, embora sob uma perspectiva anarco-comunista. Ele prossegue dando uma breve história de pensadores anarquistas, revoluções, princípios, etc. Apesar de dizer que não pensa que o Anarquismo deveria ser dogmático ou visto como um sistema, o autor parece defini-lo assim dizendo que Anarquismo é essencialmente um comunismo anti-estatal, então falando sobre solidariedade, democracia direta, organização coletivista, etc. Esses elementos, frequentemente, sugerem um sistema. Ele também prossegue dizendo que ser apolítico significa praticamente ser conservador, e que ser ‘passivo’ e não promover solidariedade é não se envolver na luta, em certo nível. Não consigo concordar com estes pontos de vista, uma vez que vejo de fato diversos grupos e indivíduos apolíticos ou anti-políticos lutando contra a dominação em diversos graus, e de forma alguma estes representam valores ou pensamentos conservadores.
Thompson fala bastante sobre magia em seu livro, relacionando-a a resistência. Sobre como a magia pode ser usada para lutar contra o autoritarismo e o capitalismo. Enquanto a ideia é extremamente convidativa, pessoalmente eu teria gostado de ver mais exemplos ou talvez ideias de como implementar a magia na luta contra a opressão. Ele usa exemplos de bruxaria sendo usada contra figuras autoritárias e como essas práticas podem ser utilizadas hoje na luta contra a dominação. Isso reforça que o livro veio com temas de um paganismo mais místico, que pessoalmente acho fascinante e bem-vindo. De novo, essa vertente de Paganismo é derivada de práticas gaélicas deve ser visto como uma prática popular mais tradicional, oposta aos neo-pagãos, praticantes de wicca, autointitulados druidas, etc. Essa prática particular de paganismo pode servir como uma adição útil às práticas dos anarquistas verdes de conexão com o mundo natural e de luta contra a dominação.
Uma seção particular que achei interessante foi a abordagem de Thompson quanto ao anarco-primitivismo. Enquanto ele coloca que a crítica tem relevância, ele tem alguns problemas com o primitivismo. Um exemplo é uma crítica primitivista rejeitando o paganismo como sendo uma religião de dominação. Thompson dá exemplos de como é uma questão de prática, e que os Deuses podem ser invocados por qualquer lado – autoritário ou antiautoritário. Ele também se refere ao anarquismo verde como uma ‘fantasia suicida’ e em partes iniciais do livro mencionou a luta contra o capitalismo industrial. Ele também parece entender a relação prejudicial entre a selvageria e a sociedade tecnológica. Eu achei esse entendimento compartilhado muito mais atraente, mas foi imediatamente deixado de lado quando ele falou sobre a “santidade da vida” e sobre impedir o colapso de nossa civilização em uma seção posterior. Ele diz que aqueles que estão querendo desencadear a queda da civilização (uma abordagem ridícula e idealista vinda do meio verde-anarquista) não valoriza a santidade da vida. Ele então simpatiza dizendo que se a civilização colapsar, então a adoção do anarco-primitivismo deve ser correta, mas prossegue sugerindo que há melhores caminhos na frente. Essa seção particular termina com uma aprovação levemente positiva quanto a eco-cidades. Eu acho que ele ainda se apega a valores de civilização como uma ordem que permite a existência humana, enquanto não entende completamente que, para muitos, estas condições são completamente terríveis e que o mundo natural sofre tremendamente devido à sociedade tecno-industrial. Ele também agrupa com Derrick Jensen, um ávido anti-anarquista, junto do anarco-primitivismo. Jensen não representa o anarco-primitivismo. Eu penso que Thompson quer o bem do mundo natural, mas acho que sua atitude sutil pro-civilização é um pouco desencorajante.
O resto do livro fala em partes sobre a prática e ações anarquistas. Ele cobre um pouco da revolução de Rojava, anarco-sindicalismo, e temas relacionados, Thompson claramente se atém firmemente a valores de esquerda, e para aqueles que são também radicais de esquerda, eu tenho certeza que haverão várias concordâncias através deste trabalho em particular. Ele continua discutindo e dando exemplos de como o paganismo e anarquismo funcionam juntos e servem um ao outro. Meu capítulo favorito foi o último, onde ele fala sobre como Dionísio (ou o Baco Romano) foi usado como símbolo e patrono da resistência na antiguidade. Eu também aprecio como ele fala sobre tornar os Deuses mundanos, e o quão complexas e místicas suas relações conosco podem ser.
Enquanto não consigo concordar totalmente com as políticas do autor e seu posicionamento quanto à civilização, eu recomendaria este livro a qualquer um que tenha interesse por paganismo, anarquismo clássico, e como os dois se relacionam. Eu caracterizaria esse livro como uma alma antiga com alguns belos poemas e histórias provocativas de resistência. A abordagem espiritual do autor quanto ao autoritarismo é algo novo e refrescante quando tudo mais se volta para o dogma estrito e utopianismo ideológico.
Rudester
Fonte: https://barbarically.wordpress.com/2018/01/12/book-review-pagan-anarchism/
Tradução > Chuva de Fogo
agência de notícias anarquistas-ana
Mesmo molhado
Resplandece ao pôr-do-sol
O campo de algodão.
Paulo Franchetti
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…