“The Tower”, Centro Social Anarquista de Hamilton, que após uma revolta na rua Locke sábado (03/03), teve suas janelas quebradas no domingo a noite, e depois sua porta chutada na terça a noite.
Nós evitamos fazer quaisquer declarações públicas até agora porque realmente não é nosso desejo ter discussões na internet, um ambiente tão tóxico e alienante. Mas com nosso espaço tendo sido atacado duas vezes nos últimos poucos dias, sentimos que é importante compartilhar algumas reflexões e sermos clarxs sobre onde estamos.
Primeiro, não, as ações em Locke e Aberdeen no sábado a noite não foram organizadas por “The Tower”, mas sim, apoiamos o que aconteceu e estamos solidárixs com as pessoas que o fizeram. A guerra de classes está acontecendo todos os dias nesta cidade, com ataques constantes contra pobres e trabalhadorxs. É decepcionante que tantas pessoas só se importem no momento ocasional em que um pouco de raiva flui para o outro lado. Os efeitos em curso da gentrificação nesta cidade são desoladores – ondas de deslocamento, violência crescente, e pobreza aumentando. Você não pode esperar que tudo isso seja varrido sob o tapete proverbial. Nós temos zero lágrimas para derramar pela rua Locke.
Sentimos que uma única família sendo despejada é muito pior do que tudo o que aconteceu na rua Locke, mesmo se você acredita que administrar empresas de luxo seja um ato neutro. E o nível de indignação é particularmente vil considerando que também houveram dois esfaqueamentos de mulheres nos últimos dias. É mais do que repugnante ver discussões sobre donutsartesanais sendo priorizados com relação a discussões sobre violência contra mulheres.
E isto não é apenas “whataboutism”, isto somos nós escolhendo lados. Quando vem a merda, não estamos do lado dos ricos e da classe empresarial. Estamos em solidariedade a todas as pessoas que resistem aos poderes dominantes nesta cidade e fazemos todas as críticas táticas que temos em particular. Nos opomos a toda repressão e colaboração com a polícia.
Recebemos muitas ameaças específicas de grupos de extrema-direita nos últimos dias prenunciando os ataques contra nosso espaço. Não surpreendentemente, a classe empresarial local e os supremacistas brancos que organizaram manifestações anti-imigrantes na cidade ano passado se encontraram no mesmo lado.
Todxs xs dramáticos da rua Locke mostram que esperavam não apenas fazer dinheiro prosseguindo com seus interesses e ignorando os impactos sobre as outras pessoas, mas esperavam também ser amadxs por isso. Não estamos ‘chocadxs e horrorizadxs’ pelo ataque contra nós, porque nunca esperamos que os poderosos e seus lambe-botas nesta cidade nos agradecessem por nos opormos a elxs.
Sabemos que não são as boutiques que realmente comandam a gentrificação e o sofrimento que ela trás; é de fato o investimento do Estado, a especulação e as políticas municipais que os encorajam. Pequeno negócios são frequentemente mais visíveis e sonoros na animação da torcida, mas não são eles que redesenham quadras inteiras ou realizam despejos em massa. O que fizeram, entretanto, é se colocar ao lado dos especuladores e donos de terras, se posicionando junto ao lucro das forças que causam danos a maioria dxs vizinhxs. Escolhemos criticar e nos opor a elxs no passado por sua aliança com os ricos e grandes capitalistas, e embora não sejam os grandes responsáveis, suas ações tem consequências reais.
Para sermos clarxs, não iremos preencher relatórios policiais sobre isso, e sim lidar com isto de forma autônoma e por meio de redes de apoio mútuo. “The Tower” irá continuar sendo espaço para eventos e grupos como sempre foi, colocando os recursos em comum e compartilhando ideias. Os acontecimentos dos últimos dias não mudam nada quanto a nosso projeto ou nossas politicas, e convocamos todas as pessoas com as quais compartilhamos momentos de luta antes para que respiremos fundo e percebamos que embora as coisas estejam mais intensas agora, nada mudou realmente.
Tradução > Imprensa Marginal
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!