Solidariedade com Afrin
#PortoDefendAfrin
“Só as montanhas são nossas amigas” (ditado curdo)
No norte da Síria, numa região autônoma chamada Rojava, existem três cantões (Kobane, Jazira e Afrin) onde, desde 2012, a sociedade está organizada segundo princípios revolucionários, estabelecidos com base num projeto de sociedade sem Estado, numa confederação democrática inspirada no municipalismo libertário, na democracia direta, na ecologia e na libertação das mulheres. Perante a iminente ameaça do exército do Estado Islâmico (EI), a população organizou-se em unidades de autodefesa, entre elas as famosas e midiatizadas pelo ocidente Unidades de Proteção das Mulheres (YPJ). Esta luta motivou muitos indivíduos do mundo inteiro a irem para Rojava lutar contra o EI e agora contra a Turquia, a sua milícia fascista – Os Lobos Cinzentos – e os seus aliados jihadistas (a frente Al Nusra, o “Exército Livre Sírio” e o EI). O envolvimento internacional na região levou Rojava a tecer laços com outros países, instituições, associações e coletivos, no sentido de dar a conhecer a revolução em construção. Alianças mais comprometedoras foram estabelecidas, mas o povo da região já sabe que só as montanhas são suas amigas.
Independentemente das alianças que as pessoas de Rojava estabeleceram com potências perigosas, imperialistas e manipuladoras num contexto de luta contra o EI, queremos denunciar a ofensiva do Estado terrorista, fascista e racista que é a Turquia, iniciada em 18 de Janeiro, contra as cerca de 500.000 pessoas que vivem no cantão de Afrin, mas também o silêncio conivente dos EUA e dos seus aliados no Oriente Médio, a retirada estratégica da Rússia, as armas vendidas à Turquia pela Alemanha e certamente outras jogadas imperialistas que em tempos se hão de revelar.
Não podemos calar o nosso grito de revolta perante a ameaça mortífera que enfrenta a região de Afrin. Queremos vociferar que as ambições imperialistas e os interesses capitalistas não cabem no nosso mundo. Os princípios de organização social sem Estado ecoam nas nossas mentes e respondem aos nossos desejos de democracia, justiça e liberdade. A revolução de Rojava também é nossa, porque não queremos viver e não morreremos por uma abstração impingida tal como a noção de Estado, muito menos de um Estado assassino como a Turquia e Estados imperialistas interesseiros e manipuladores como os EUA, a Rússia e UE.
De longe só podemos apelar ao bloqueio das embaixadas/consulados da Turquia! De longe só podemos apelar ao boicote dos produtos vindos da Turquia, assim como dos acordos ou negócios com a Turquia. De longe só podemos apelar ao bloqueio das sedes de entidades/Estados ou instituições cúmplices ou encostadas ao seu profundo e conivente silêncio tal como a OTAN, EUA, UE, Rússia. De longe gostaríamos de fazer corpo na fronteira entre a Turquia e Afrin. De longe, ou de perto, somos muitas e a viagem até Afrin não é assim tão longa!
Turquia fora de Afrin!
Viva a Resistência de Afrin!
Algumas poetas…
Porto, 19 de fevereiro 2018
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agência de notícias anarquistas-ana
Árvore amiga
enfeita meus cabelos
com flores amarelas
Rosalva
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!