As duas organizações anarcossindicalistas de Valência convocam uma concentração unitária contra a repressão, no dia 10 de abril às 19h, na sede da Delegação do Governo, fazendo extensiva a convocatória a toda a cidadania, coletivos e movimentos sociais.
A repressão do Estado alcança níveis distópicos, metendo-se em nossas vidas privadas, nossos computadores e nossas canções. Escrever um twitter, como Casandra; ou canções, como Valtonyc ou Pablo Hasel, são motivos para receber todo o peso do seletivo sistema judicial que aponta e dispara contra pessoas concretas, combativas e dissidentes. Essa mesma lei ignora deliberadamente as agressões fascistas, como as acontecidas em 9 de outubro passado em Valência; a corrupção política e as fraudes fiscais que espoliam nossos sistemas públicos.
O anarcossindicalismo também sofreu situações de repressão durante toda sua existência, uma vez que se tem manipulado a história para criminalizar suas atuações e ocultar a importância de suas conquistas na luta pelos direitos e liberdades das classes populares.
Temos numerosos exemplos do que temos descrito, na CNT uma das mais flagrantes e próximas no tempo são os companheiros da CNT-Logroño, Pablo e Jorge. Em 14 de novembro de 2012, durante a jornada de greve geral, saíram às ruas de Logroño para protestar contra a Reforma Laboral e a perda de direitos da classe trabalhadora. A atitude dos antidistúrbios foi de constante ameaça e provocação. Apesar disso, a manifestação finalizou com um ambiente de alegria pelo êxito de participação. Nesse momento, se produziu uma brutal carga da Polícia Nacional, com golpes e balas de borracha. O resultado: várias pessoas feridas, multas milionárias a pessoas vinculadas a movimentos sociais, sindicais e políticos, e três sindicalistas detidos e processados; entre eles, Pablo e Jorge. Ainda nos dias de hoje sua situação não se resolveu e seguem acusados, sem provas e com contradições nos testemunhos da polícia.
Também durante a greve geral mencionada, numerosas companheiras e companheiros da CGT sofreram repressão, sendo a mais significativa a detenção da companheira Laura de Barcelona, e seus mais de 30 dias de prisão preventiva sem fiança, e tudo isso com a desculpa de haver realizado a queima simbólica de dinheiro frente à Bolsa, durante o exercício de uma Greve Geral. Outras muitas pessoas, destas organizações e de outras, foram processadas e arrastaram durante anos estes processos legais que lhes mantiveram ameaçados, na busca de provocar um castigo exemplar que tanto agrada ultimamente nossos governantes. Como lamentável exemplo do exposto e situação em pleno vigor, em 27 de fevereiro, quando Ermengol Gassiot, Secretário Geral da CGT-Catalunha, registrava um escrito na Promotoria Superior da Catalunha com outras duas pessoas, foi detido. Foi transladado à Delegacia dos Mossos d’Esquadra [polícia catalã] de Les Corts, onde permaneceu detido durante a noite. A acusação se remonta a 2013, quando Ermengol, professor de arqueologia da UAB (Universidade Autônoma de Barcelona), junto com 25 alunos e um PAS (Pessoal de Administração e Serviços), ocuparam durante um mês o Reitorado protestando contra o Plano Bolonha. A Promotoria solicitava penas de prisão de até 14 anos e multas de quase 10.000€ aos que participaram em dita jornada de luta. Atualmente, o companheiro Ermengol continua acusado, enfrentando uma possível sentença exorbitante que faz evidentes as listas negras que o Estado tem para as pessoas combativas que enfrentam as suas injustiças.
Se faz evidente o vínculo da repressão com a luta sindical e social. O Governo se esforçou por exprimir aos trabalhadores e trabalhadoras com uma ignominiosa Reforma Laboral ainda em vigor atualmente. Também se preocupou por facilitar o caminho às empresas, atacando diretamente à classe trabalhadora de amanhã, os estudantes de hoje, com o Plano Bolonha. Sem esquecer-nos do espólio contínuo aos serviços públicos essenciais como a saúde e a educação, o desprezo ao direito a uma moradia, e claro, a permanente e constante agressão às Pensões. Como contrapartida, oferecem às pessoas que enfrentam suas injustiças, que põem em destaque as deficiências de um sistema educativo e laboral a serviço das elites, a quem exige a distribuição da riqueza e a distribuição do trabalho, o castigo correspondente por atuar como seres humanos livres e solidários.
A CGT e a CNT convocam, conjuntamente, e convidam à participação solidária a todos nossos semelhantes que queiram sair para protestar frente a esta repressão, que pretende restringir a liberdade e atar-nos de pés e mãos em nosso dia a dia, e a que todas e todos estamos expostos pelo simples fato de exigir o que é justo.
Os esperamos na terça-feira dia 10 de abril, na concentração às 19h na sede da Delegação do Governo em Valência. Mais que nunca, a unidade é nossa força.
Confederação Geral do Trabalho (CGT)
Confederação Nacional do Trabalho (CNT)
Tradução > Sol de Abril
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