Sob a responsabilidade de Roberta Conforti e Fiamma Chessa, será inaugurada no próximo 20 de abril, em Reggio Emilia, a exposição “Comunicar a utopia. Fotografia e artes gráficas nos cartazes libertários” (“Comunicare l’utopia. Fotografia e grafica nei manifesti libertari“) com uma seleção de panfletos, cartazes e jornais retirados das coleções do Arquivo Família Berneri – Aurelio Chessa de Reggio Emilia, centro de documentação do movimento anarquista e popular internacional. A exposição enquadra-se no programa do circuito “off” do festival “Fotografia europeia”, cujo tema este ano é “Revoluções, Rebeliões, Mudanças, Utopias”. Poderá ser vista até 30 de junho.
Graças a participação dos principais protagonistas das vanguardas artísticas, nos principais eventos revolucionários do século XX, como a Revolução Russa e a Revolução Espanhola (1936-1939), surgem nas ruas das cidades cartazes políticos com surpreendentes experimentações gráficas.
Um dos primeiros cartazes a ser realizado unicamente com meio fotográfico foi: “Acabemos com o fascismo!”, concebido em 1936 por Pere Catalá Pic em plena Guerra Civil Espanhola. Figura destacada na fotografia de vanguarda internacional, o autor lança ao povo um chamamento para lutar contra o fascismo com o gesto de pisar uma cruz suástica já um pouco quebrada.
Em 1968, o “Atelier Populaire” – com a ocupação da Escola de Belas Artes de Paris durante o Maio francês – produzia 3.000 serigrafias diárias contra o poder e a sociedade burguesa.
Estas experiências são um legado fundamental para os cartazes anarquistas que, em parte, são feitos com o apoio de jornais e gráficas militantes e, às vezes, graças ao esforço de artistas e desenhistas gráficos, mas, sendo a maior parte criados e serigrafados nos mesmos locais onde acontecem as assembleias.
Por outro lado, enquanto os partidos políticos começam a criar campanhas gráficas coordenadas só a partir da segunda metade dos anos setenta, o “A na bola” nasce por volta de 1967, quando o coletivo de Jovens Libertários de Paris decide elaborar um símbolo que possa representar o conjunto do movimento anarquista, espalhando diversas tendências, grupos e organizações. O aparecimento do “A na bola” é inserido por si mesmo num processo de construção consciente de um símbolo que aspira a tornar-se um signo da identidade anarquista, e que será divulgado também graças aos grupos de Milão, que já em princípio dos anos setenta se reconhecem como uma “assinatura coletiva”.
A Itália teve um papel decisivo no curso de projetos gráficos e de impressão, liderado em 1977 por Ferro Piludo em Milão e que se materializou na publicação “Segno Libero”, um manual teórico-prático de grafismo militante que transfere as competências de base para a realização de materiais de propaganda “pobres” executados com meios rudimentares e baratos.
A fotografia acompanha as artes gráficas anarquistas contando histórias, com as imagens de reportagem, nos instantes que concentram um momento do ideal libertário, nas reformulações gráficas. Cenas célebres são reinterpretadas e recontextualizadas, como a “Criança” que brinca com a granada na mão, de Diane Arbus.
A estranheza suscitada pela aproximação de imagens aparentemente desconexas entre si é a base de fotomontagens que convidam a refletir sobre as condições da sociedade.
São numerosos os retratos de figuras heroicas: de Errico Malatesta aos anarquistas insurrecionalistas, dos protagonistas da rebuscada “Banda Bonnot” até à queda de Giuseppe Pinelli, ícone da campanha de contra-informação perante os estragos da Praça Fontana.
A coleção é catalogada e analisada no livro de Roberta Conforti, “Comunicare l”utopia. Manifesti anarchici” do Arquivo Família Berneri – Aurelio Chessa, Mimesis, 2013.
A exposição é organizada pela Biblioteca Panizzi e o Arquivo Família Berneri – Aurelio Chessa de Reggio Emilia no âmbito do festival “Fotografia Europeia”. Inauguração da exposição e visita guiada na sexta-feira 27 de abril às 17h30.
Mais informação: Archivio Famiglia Berneri – Aurelio Chessa, via Tavolata 6 – 42121 Reggio Emilia (Itália), archivioberneri@gmail.com e telefone 34 – 0522 439323.
Fonte: https://www.nodo50.org/tierraylibertad/356articulo8.html
Tradução > Rosa e Canela
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uma charpa de bruma
Rogério Martins

Perfeito....
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!